O escritor, ambientalista e líder indígena Ailton Krenak fez duras críticas à realização da COP30 em Belém, prevista para novembro de 2025. Durante uma palestra no histórico Collège de France, em Paris, na última terça-feira (29), Krenak afirmou que o evento corre o risco de se tornar “um grande encontro de empresários” e que poderia ter sido realizado por videoconferência. A informação foi publicada pela Folha de S.Paulo.
“Vai exigir muito investimento, gastar muita coisa para promover uma conferência que podia acontecer online. Ela não precisava ser na Amazônia. Vão estacionar um navio para recepcionar o público, porque Belém não tem infraestrutura para receber um evento desse porte”, disse o escritor.
Além da crítica à logística e aos custos do evento, Krenak demonstrou pessimismo com os resultados da conferência, citando a falta de compromisso dos países desenvolvidos.
“Sabemos que os EUA estão sabotando a conferência. Isso significa que os chefes de governo, que deveriam assumir posturas firmes, não estarão presentes. Então, será um grande evento de empresários. Corporações e empresários vão ganhar muito com a COP30”, afirmou.
Críticas aos impactos locais e à exploração de petróleo
Krenak também questionou os impactos da preparação da cidade de Belém para a COP30, apontando a remoção de moradores e o avanço de obras urbanas como sinais de um legado contraditório.
“Na última vez que estive em Belém, a cidade estava em obras. Máquinas perfuravam tudo, uma fúria imobiliária. Como dizer que a conferência será boa se o resultado imediato é a piora na qualidade de vida dos moradores?”, disse.
O líder indígena aproveitou para criticar os planos de exploração de petróleo na Bacia Amazônica, considerados por ele incompatíveis com o discurso ambiental da conferência climática.
“É uma espécie de divórcio da realidade o governo brasileiro — ou qualquer outro governo regional — insistir na exploração de combustíveis fósseis. Essa discussão sobre petróleo deveria ter terminado na última conferência [COP29, em Baku, no Azerbaijão, em 2023].”
Em tom irônico, Krenak concluiu:
“Quer deixar um governo animado? Dê um poço de petróleo a ele.”
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