Especialista afirma que obras no Canal do Galo podem durar até três anos; entenda a situação

Muitos moradores perdem todos os seus pertences no período de chuvas nos arredores do canal.

O Canal do Galo é um dos pontos críticos de Belém no período de chuvas intensas. Foto: Vitor Hugo Ribeiro EPOL

A população dos bairros do Telégrafo, Sacramenta e Pedreira enfrenta sérios problemas durante o inverno amazônico. Muitos moradores perdem todos os seus pertences no período de chuvas por conta do entupimento dos canais e o consequente alagamento de diversas ruas.

Em matéria especial do Portal Estado do Pará Online (EPOL), trazemos algumas soluções que seriam primordiais para amenizar a situação crítica dos alagamentos.

Na manhã da última segunda-feira (3), o prefeito eleito Igor Normando (MDB) fez uma visita ao Canal do Galo, no bairro da Pedreira. Igor falou sobre os desafios que enfrentará em sua gestão para conseguir amenizar os pontos críticos de alagamentos na cidade de Belém.

Durante a visita, Igor foi abordado por moradores das regiões mais afetadas. Segundo os moradores, as visitas de políticos são constantes, mas eles nunca apresentaram uma solução para que a população possa resgatar a tranquilidade de viver em paz nessa área. O novo prefeito visitou as casas afetadas e anunciou que será realizará um grande mutirão de limpeza durante os primeiros 100 dias do ano de 2025.

Foto: Vitor Hugo Ribeiro/EPOL.

Quais as áreas mais afetadas com a chuva?

Áreas próximas aos canais são as mais afetadas durante as chuvas, devido à sujeira que compromete todo o sistema de escoamento.

Conscientização

Nas redondezas dos canais de Belém, é possível observar vários focos de lixo, que aumentam o risco de doenças e prejudicam a saúde da população. A maioria dos alagamentos é causada pelos objetos descartados nos canais. Entre esses objetos, encontram-se diversos itens domésticos, como sofás, televisores, cadeiras e até mesmo guarda-roupas.

Educação

É importante destacar que os esforços do poder público para melhorar as condições de vida da população só terão resultados efetivos se houver uma mudança significativa de comportamento por parte da sociedade. De nada adianta o governo investir em ações como limpeza de canais, campanhas de conscientização e infraestrutura de saneamento básico, se a própria população continuar adotando práticas prejudiciais, como o descarte inadequado de lixo em vias públicas, canais e outros espaços impróprios.

O descarte irregular de resíduos não apenas agrava os problemas de alagamentos, mas também contribui para a proliferação de doenças, como dengue, leptospirose e outras enfermidades associadas à falta de higiene e saneamento. Essa situação é resultado de uma combinação de fatores: ausência de educação ambiental, falta de fiscalização e um senso coletivo pouco desenvolvido.

Portanto, além de cobrar ações efetivas do poder público, é fundamental que cada cidadão reflita sobre seu papel na construção de uma cidade mais limpa e saudável. Jogar lixo no lugar certo, respeitar os horários da coleta e colaborar com iniciativas de reciclagem são atitudes simples, mas que fazem uma grande diferença na qualidade de vida de todos. A responsabilidade pelo bem-estar coletivo deve ser compartilhada, e a mudança começa com pequenas ações diárias de cada indivíduo.

Doenças

Os alagamentos causados por transbordamento de esgotos representam uma grave ameaça à saúde pública, especialmente em regiões urbanas onde a infraestrutura de saneamento básico é precária. Durante períodos de chuvas intensas, o sistema de escoamento frequentemente entra em colapso, levando ao extravasamento de águas contaminadas por resíduos domésticos, industriais e fecais. Essa situação expõe a população a uma série de riscos à saúde, muitos dos quais podem ser graves ou até fatais.

Entre as principais doenças associadas a esse cenário estão a leptospirose, a hepatite A, a gastroenterite e a esquistossomose.

Além dessas doenças, os alagamentos de esgotos favorecem a proliferação de mosquitos, como o Aedes aegypti, vetor da dengue, zika e chikungunya. A combinação de águas paradas e resíduos cria um ambiente ideal para a reprodução desses insetos, ampliando ainda mais os problemas de saúde pública.

Soluções

Durante uma visita ao Canal do Galo, o Portal Estado do Pará On-line (EPOL) entrevistou um engenheiro civil especializado em saneamento ambiental e recursos hídricos, que optou por não se identificar, para abordar possíveis soluções para a área afetada.

A fonte consultada pelo EPOL afirmou que, sem realizar uma análise técnica in loco, não é possível emitir um parecer definitivo, limitando-se a avaliar a situação com base em fotos. Ainda assim, destacou a necessidade urgente de limpeza do canal e de uma avaliação da jusante.

O que é jusante?

O termo “jusante” é utilizado para se referir à direção do fluxo de água em um rio, canal ou qualquer outro corpo d’água. Jusante é a direção em que a água flui, ou seja, é o ponto mais baixo em relação a um ponto de referência. Em outras palavras, é a parte do rio que está a jusante de um determinado ponto.

Quando olhamos para um rio, por exemplo, o ponto mais alto é chamado de nascente, enquanto o ponto mais baixo é chamado de foz. A foz é o ponto de saída do rio, onde ele deságua em outro corpo d’água, como um lago, mar ou oceano. Portanto, a foz está sempre a jusante de qualquer ponto ao longo do rio.

Além disso, é importante ressaltar que o sentido do fluxo de água é sempre de montante para jusante. Isso significa que a água flui de áreas mais altas para áreas mais baixas, seguindo a força da gravidade – Portal da Engenharia.

É preciso avaliar o projeto de macrodrenagem

Canal do Galo. Foto: Reprodução

O engenheiro também destacou a necessidade de realizar uma avaliação do tempo de recorrência definido no projeto inicial, pois pode ser necessário recalcular a vazão para adequar o sistema à nova realidade geomorfológica e territorial da área. Ele explicou que a contribuição hídrica pode ter aumentado significativamente ao longo dos anos.

Tempo de obra

Segundo o especialista, o tempo estimado para a execução da obra pode variar de 1 a 3 anos, dependendo do novo estudo ambiental e da análise da contribuição hídrica. Ele ressaltou que é fundamental considerar que Belém é uma cidade com chuvas intensas, o que torna inviável realizar trabalhos como movimentação de terra, escavações e atividades similares durante o período chuvoso.

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