Morre Tuíre Kayapó, líder indígena que pressionou facão no rosto do presidente da Eletronorte

A notícia foi confirmada pelo Distrito Sanitário Especial Indígena Kaiapó do Pará. A sobrinha compartilhou notas de pesar de diversas entidades indígenas do Brasil.

Reprodução/Aurora Cinematográfica

A líder indigena Tuíre Kayapó morreu neste sábado (10), aos 54 anos, por complicações de um câncer de colo de útero. O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Kaiapó do Pará confirmou a morte da indígena.

Nas redes sociais, a sobrinha O-e Kaiapó Paoakan, lamentou a morte da tia e compartilhou notas de pesar feitas por diversas entidades indígenas de todo o Brasil.

A sobrinha O-e Kaiapó Paoakan, lamentou a morte da tia nas suas redes sociais

Tuíre, que vivia no Pará, ganhou visibilidade internacional aos 19 anos, em 1989, durante o 1º Encontro dos Povos Indígenas do Xingu.

Ao se manifestar contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, ela pressionou um facão no rosto do presidente da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopes.

Em 2011, o Ibama autorizou o início da construção da usina, adiada por 22 anos.

Anos depois, ela concedeu uma entrevista para a série Guardiãs da Floresta, produção documental sobre lideranças femininas em iniciativas pela preservação do meio ambiente.

O episódio que fala sobre Tuíre mostra a cena mundialmente famosa e outros protestos que a líder indígena fez pela mesma causa em outros momentos da política brasileira.

Homenagens

A Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa), lamentou a perda e destacou o legado de luta, coragem e determinação deixado por Tuíre.

“Sua passagem para outra dimensão nos deixa um vazio imenso, mas também uma responsabilidade ainda maior de continuar sua luta. Seguiremos firmes com a força e o exemplo que você nos deixou, Tuíre”, destacou.

Já a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) lembrou Tuíre pela força, coragem e por marcar a história do país em seu ato de resistência.

“O gesto de Tuíre representou um ato de resistência que permanecerá para sempre na memória daqueles que lutam por justiça”, disse.

Integrante do povo Mebêngôkre, Tuíre nasceu em 1970, no território Kayapó, na aldeia Kokraimoro, às margens do Rio Xingu, no Pará.

Foi uma das primeiras ativistas indígenas mulheres e protagonizou muitas outras manifestações em defesa da floresta, dos territórios e direitos indígenas.

Em uma das suas últimas declarações públicas, Tuíre convocou o país para lutar junto contra o Marco Temporal.