A presença de garimpo ilegal em terras indígenas da Amazônia e seus impactos na saúde e nos direitos dos povos originários foram denunciados na última segunda-feira (21) em Nova York. A líder indígena paraense Alessandra Korap Munduruku foi uma das vozes na abertura da 24ª Sessão do Fórum Permanente das Nações Unidas sobre Questões Indígenas.
Durante o evento, Alessandra denunciou a contaminação por mercúrio nos territórios do povo Munduruku, no Pará, citando dados da Fiocruz que indicam níveis alarmantes da substância em mais da metade das mulheres e crianças da região. Segundo ela, o garimpo ilegal tem comprometido até o leite materno das indígenas.
Ela também responsabilizou bancos e empresas transnacionais por financiar diretamente atividades ilegais e empreendimentos predatórios na Amazônia. “Poluem nossas águas, destroem a mata, nos ameaçam de morte e praticam violências”, afirmou a ativista, que compartilhou a tribuna com outras mulheres indígenas de diversas partes do mundo.
A participação de Alessandra ocorreu durante uma sessão dedicada ao protagonismo feminino nas lutas indígenas. A programação integra o Fórum, que segue até 2 de maio na sede das Nações Unidas, com o tema central voltado à implementação da Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas.
Antes de viajar aos Estados Unidos, a liderança esteve com seu povo em um bloqueio na BR-230, iniciado em 25 de março, em protesto contra a Lei 14.701, conhecida como Marco Temporal. A norma, criticada por entidades indigenistas, é considerada uma ameaça à autonomia dos povos originários ao permitir a exploração de terras sem consulta prévia.
Alessandra compõe a delegação latino-americana no evento, ao lado de outras lideranças como Ninawa Huni Kui e Julio Cusurichi Palácios. Também participam representantes do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), que têm realizado articulações e diálogos bilaterais com autoridades internacionais.
O Fórum Permanente da ONU é um dos principais mecanismos internacionais voltados às questões dos povos indígenas. A edição deste ano busca identificar boas práticas e desafios enfrentados pelos Estados-membros na promoção dos direitos dos povos originários, diante de contextos crescentes de violência e desmonte de políticas públicas.
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