O Príncipe William, em discurso proferido durante a Cúpula de Líderes em Belém, no contexto dos preparativos para a COP30, enfatizou a urgência da crise climática, a importância da cooperação global e o papel vital dos povos indígenas na proteção da Terra. A fala ocorreu antes de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e reforçou o apoio do Reino Unido a projetos climáticos desenvolvidos pelo Brasil.
Gratidão e o Papel Histórico do Brasil
William expressou profunda gratidão ao governo brasileiro e à cidade de Belém, destacando o compromisso ambiental histórico do país. Ele lembrou que esse protagonismo remonta à Rio-92, quando o Brasil se consolidou como líder em energias renováveis e na ambição ambiental global.
O príncipe também mencionou o Prêmio Earthshot, realizado recentemente no Rio de Janeiro, que reconheceu soluções inovadoras para os desafios climáticos. Segundo ele, o evento provou “o que é possível quando há visão e coragem na liderança”.
A Urgência da Crise e os Pontos de Inflexão
Em tom de alerta, o herdeiro britânico afirmou que a humanidade está próxima de pontos de inflexão críticos para os sistemas naturais dos quais depende. O derretimento das calotas polares, a perda da Amazônia e a alteração das correntes oceânicas foram citados como ameaças iminentes.
William relatou ter visitado, com a princesa Catherine, uma comunidade brasileira atingida por inundações, onde um morador descreveu o rio — antes símbolo de vida — como “fonte de medo”. Esses impactos, disse ele, ameaçam o crescimento, a segurança e o bem-estar de todos os países.
Uma Oportunidade para a Mudança
Apesar do cenário preocupante, o príncipe afirmou que a crise climática representa também uma “oportunidade profunda” para transformar economias, restaurar a natureza e melhorar o bem-estar das comunidades.
“A ação climática é motor de desenvolvimento econômico, criação de empregos e segurança ambiental”, destacou. Ele defendeu que o mundo precisa trabalhar em conjunto para ser positivo para a natureza, priorizando a restauração e o verdadeiro valor dos ecossistemas — não apenas em termos econômicos, mas também culturais e humanos.

Liderança Indígena: A Solução Climática
Um dos pontos centrais do discurso foi o reconhecimento da liderança dos povos indígenas e das comunidades locais. William afirmou que a verdadeira liderança global pertence “àqueles que vivem em harmonia com a natureza”.
Ele lembrou que essas comunidades protegem metade das terras do planeta e todas as florestas remanescentes, mas apenas 11% de suas áreas são legalmente reconhecidas. Onde os direitos indígenas são assegurados, frisou, o desmatamento é menor e o carbono é restaurado com mais sucesso.
O príncipe classificou o reconhecimento desses direitos como “uma solução climática essencial”, e relatou ter se encontrado com representantes indígenas no Rio de Janeiro, destacando que “eles não são apenas participantes — estão a liderar a mudança”.
Chamada à Ação Decisiva
Encerrando sua fala, William — que representou o pai, Rei Charles III, defensor da harmonia com a natureza há mais de cinco décadas — fez um forte apelo à ação coletiva.
“O tempo para proteger é agora”, afirmou. “Ninguém pode fazer isso sozinho. A humanidade deve usar o poder de estar na Amazônia para agir com coragem, colaboração e compromisso decisivo.” O príncipe concluiu dizendo que a COP 30 no Brasil é ‘o nosso momento’, e advertiu que ele não pode ser desperdiçado, pois “a esperança das futuras gerações repousa nas ações de hoje”.









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