Em meio aos desafios do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil, o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), em Belém, faz um alerta importante: tumores cerebrais em crianças podem ser confundidos com doenças comuns da infância.
A mensagem, que integra a campanha Maio Cinza, busca ampliar a atenção de pais, responsáveis e profissionais de saúde para sinais que, à primeira vista, podem parecer inofensivos. A oncologista pediátrica Sweny Fernandes explica o objetivo da campanha.
É mito, por exemplo, achar que uma pancada na cabeça é a causa do tumor cerebral. Os pais precisam se atentar aos sinais persistentes e os profissionais devem investigar com responsabilidade. Quanto antes detectamos o tumor, maiores são as chances de cura”, afirma
Sinais que merecem atenção
Segundo a médica, sintomas como vômitos persistentes, principalmente pela manhã, dores de cabeça frequentes, sonolência excessiva, perda de apetite e alterações visuais devem acender o alerta.
Quando o tumor avança, além desses sinais, surgem quadros de hipertensão intracraniana, desmaios e outros sintomas neurológicos evidentes”, completa
Dados e realidade local
Entre os quase mil pacientes acompanhados pelo hospital, 277 tratam algum tipo de tumor cerebral, com destaque para astrocitomas, meduloblastomas e gliomas.
Embora a leucemia ainda seja o tipo mais comum de câncer pediátrico, os tumores no sistema nervoso central ocupam a segunda posição entre os mais frequentes, segundo a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope).
É fundamental capacitar os profissionais que atuam nas pontas para reconhecer os sintomas iniciais e diferenciá-los dos sinais de doenças comuns da infância”, reforça Sweny
Quando a suspeita vira certeza
A dona de casa Daniele Oliveira sabe, na prática, o quanto a demora no diagnóstico pode ser dolorosa. O filho Lucas Pietro, hoje com 13 anos, teve um tumor cerebral identificado aos 3, após meses em que os sintomas foram tratados como virose.
Ele parou de comer, dormia demais, vomitava muito. Algo me dizia que não era uma virose. Depois do exame de tomografia, o médico viu o tumor do tamanho de um limão”, relembra
Lucas passou por uma cirurgia de dez horas, ficou meses na UTI e precisou reabilitar movimentos com fisioterapia.
Hoje ele está em acompanhamento, é independente, mesmo com algumas limitações, e faz tudo com alegria. Que, com a campanha, os pais possam observar melhor seus filhos e procurar um médico, caso suspeite dos sintomas ou a criança apresente queixas”, diz Daniele.
Informação como arma
Para o diretor administrativo do hospital, César Gonçalves, o Maio Cinza vai além da campanha institucional: é uma forma de salvar vidas.
Promover a conscientização sobre tumores cerebrais é proporcionar diagnósticos precoces e ampliar as chances de cura dos usuários. O câncer infantil é desafiador, mas cada criança atendida no Hoiol nos ensina sobre coragem.”
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