Trabalhadores da Jari Celulose enfrentam crise com 24 meses de salários atrasados e paralisação das atividades

A empresa, que está em recuperação judicial desde 2019, não conseguiu retomar suas operações de forma sustentável, deixando milhares de famílias em situação de vulnerabilidade.

Os trabalhadores da Jari Celulose, localizada no Vale do Jari, enfrentam uma grave crise econômica e social devido à paralisação das atividades da fábrica desde outubro de 2023 e ao atraso de 24 meses nos pagamentos de salários e benefícios. A empresa, que está em recuperação judicial desde 2019, não conseguiu retomar suas operações de forma sustentável, deixando milhares de famílias em situação de vulnerabilidade.

Impactos na região

  • Demitidos: Mais de 3.000 trabalhadores diretos e indiretos foram dispensados desde o início da crise, afetando cerca de 10 mil famílias na região.
  • Funcionários atuais: Apenas 350 dos 3.000 trabalhadores permanecem ativos, sem receber salários regularmente.
  • Condições precárias: Colaboradores enfrentam falta de assistência médica, com promessas não cumpridas de cobertura de urgência e emergência.

Além disso, terceirizados também foram prejudicados, e empresas fornecedoras como o Grupo Agregue, reduziram drasticamente seus quadros.

Reivindicações dos trabalhadores

Em 7 de dezembro de 2024, ocorreu um protesto popular em Monte Dourado, no Pará, exigindo soluções para a crise. Entre as demandas estão:

  • Retorno das operações da fábrica;
  • Pagamento dos salários atrasados;
  • Apoio efetivo do BNDES, maior credor da empresa;
  • Transparência na gestão dos ativos e recursos da Jari Celulose.

Os trabalhadores também pedem uma audiência pública com representantes políticos, judiciais e sindicais para discutir o futuro da fábrica e a recuperação da economia local.

Histórico da crise

A empresa, que possui uma dívida de R$ 1,48 bilhão, aprovou um plano de recuperação judicial em 2024, mas até agora não conseguiu implementá-lo de forma eficaz. Tentativas de retomada, como os testes na caldeira 02 em 2023, fracassaram devido à falta de investimentos.

Enquanto isso, ativos da empresa estão sendo negociados, sem que os valores arrecadados sejam direcionados aos trabalhadores. A situação agravou-se com o sucateamento da infraestrutura e a cobrança de aluguéis por imobiliárias terceirizadas, que atingem famílias sem condições financeiras para pagar.

O apelo dos trabalhadores

Os funcionários da Jari Celulose clamam por uma gestão responsável, comprometida com a recuperação econômica e o bem-estar da região. Segundo eles, “o trabalhador não tem culpa” e merece respeito e dignidade em meio à pior crise já enfrentada pela fábrica e pelo Vale do Jari.

A comunidade local espera uma resposta urgente para evitar o colapso total da economia regional e a perpetuação da crise social.

Pedimos um posicionamento para a empresa e aguardamos retorno.

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