Theatro da Paz pode se tornar patrimônio mundial reconhecido pela Unesco

Caso seja reconhecido pela Unesco, o Teatro passará a compor uma lista que já possui 14 bens brasileiros chancelados como Patrimônio Mundial Cultural.

Foto: Reprodução

Theatro da Paz pode ser reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco. O primeiro passo para a elaboração da candidatura será dado entre os dias 13 e 15 de dezembro, em Manaus, onde vai ocorrer a primeira oficina de mobilização, que envolverá o governo do Pará, a prefeitura de Belém, representações da sociedade civil, pesquisadores e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O Teatro Amazonas, em Manaus também pode ser reconhecido como patrimônio mundial.

O Instituto deve coordenar o processo da candidatura e apresentá-la, representando o Brasil, ao Centro do Patrimônio Mundial da Unesco. Símbolo máximo do ciclo da borracha na região, o teatro de Belém possui as artes, a arquitetura e a história da Amazônia, e a relação da região com a economia e a geopolítica internacional entre os séculos XIX e XX.

A programação do evento será composta por apresentações, debates e visitas técnicas. Na quarta-feira (13), às 14h, a abertura da oficina contará com a apresentação de conceitos, princípios e procedimentos para a candidatura a Patrimônio Mundial. Na sequência, serão expostos os requisitos de proteção, conservação e gestão do Theatro da Paz. Na sexta-feira (15), as discussões vão tratar de valores patrimoniais, justificativa para a candidatura, critérios e estratégia para elaboração das ações previstas nos próximos anos.  Ainda durante o evento, será estabelecida a matriz de responsabilidades e cronograma de trabalho.

O processo de reconhecimento 

Tanto o Theatro da Paz como o Teatro Amazonas, já são tombados pelo Iphan como Patrimônio Cultural Brasileiro: a casa de espetáculos do Pará recebeu o título em 1963. Quanto ao reconhecimento da Unesco, os Teatros da Amazônia foram inscritos na Lista Indicativa de Patrimônio Mundial, uma etapa prévia, que serve como instrumento de planejamento e preparação para as candidaturas. Conforme a Convenção sobre a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural da Unesco, o reconhecimento de um bem cultural como Patrimônio Mundial demanda a caracterização de seu valor universal excepcional (VUE), extrapolando a importância local, regional e nacional.

Caso sejam reconhecidos pela Unesco, os Teatros da Amazônia passarão a compor uma lista que já possui 14 bens brasileiros chancelados como Patrimônio Mundial Cultural, entre os quais estão o Cais do Valongo (RJ), Brasília (DF) e os centros históricos de Ouro Preto (MG), São Luís (MA) e Salvador (BA). Como Patrimônio Mundial Natural, são reconhecidos outros sete bens, como o Complexo de Conservação da Amazônia Central (AM), o Parque Nacional do Iguaçu (PR) e as Ilhas Atlânticas de Fernando de Noronha e Atol das Rocas (PE/RN). Como Patrimônio Misto, por fim, a Unesco reconhece “Paraty e Ilha Grande: cultura e biodiversidade”.

Os teatros e a história da Amazônia

Período histórico que ficou conhecido como ciclo da borracha ou Belle Époque amazônica, a virada entre os séculos XIX e XX testemunhou grandes transformações na região amazônica, como reformas urbanas, migrações nordestinas e a alteração de padrões culturais até então vigentes. Devido à valorização do látex no mercado internacional, a Amazônia se tornou epicentro da produção global. Pelos rios e igarapés, trabalhadores riscavam as seringueiras para a extração do látex; as cidades, especialmente Belém e Manaus, se tornavam entrepostos comerciais, almejando os valores da modernidade europeia. Os teatros, assim, são expressão máxima dessas transformações.

Construído em estilo neoclássico no então largo da Pólvora, hoje praça da República, o Theatro Nossa Senhora da Paz foi inaugurado em 1878. Das várias reformas conduzidas, a de 1904 conferiu à edificação um estilo eclético. Na fachada, repousam quatro bustos que representam a música, a poesia, a tragédia e a comédia. O pano de boca do palco é alegoria à República, pintado em Paris pelo cenógrafo Carpezat. Pintado por De Angelins, o painel do teto representa Apolo e Afrodite. E o teto do foyer, salão em que o público aguarda o início dos espetáculos, é decorado com motivos amazônicos.

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