O cenário político do Pará tende a se movimentar com mais intensidade em direção às eleições estaduais de 2026, com as articulações para a sucessão do governador Helder Barbalho (MDB) ganhando força, assim como para as duas vagas ao senado que o Pará tem direito.
Impedido de disputar um terceiro mandato consecutivo, Helder já sinalizou que sua vice-governadora, Hanna Ghassan, seria a candidata natural para dar continuidade ao projeto político do MDB. No entanto, a escolha não parece unânime dentro da legenda, que conta com outros nomes de peso dispostos a entrar na corrida eleitoral, sem assumirem publicamente esse intento.
Os desafiantes internos
Hanna Ghassan, braço direito de Helder, tem uma carreira política marcada pela boa atuação como técnica em gestões, mas nunca enfrentou as urnas diretamente. Apesar da força do apoio do governador, por sua inexperiência eleitoral e baixo carisma entre a classe política, tem sido alvo de questionamentos dentro e fora do partido.
Por outro lado, nomes tradicionais do MDB, como o atual presidente da Assembleia Legislativa Chicão e o atual líder do governo na Alepa, Iran Lima, despontam como potenciais pré-candidatos. Ambos possuem longa trajetória política, acumulando mandatos e uma sólida base eleitoral. Chicão é visto como um articulador nato, enquanto Iran é reconhecido por sua habilidade técnica e política, especialmente na aprovação de projetos estratégicos do governo.
O deputado estadual mais votado nas últimas eleições para o parlamento, Chamonzinho, nunca escondeu o desejo de alçar voos mais altos, sobretudo agora que viu Chicão ser apontado para a reeleição como presidente da ALEPA. Chamonzinho foi derrotado por na disputa pela Prefeitura de Marabá este ano e desde então tem conversado com parceiros sobre a possibilidade exigir mais espaços dentro do governo, além de exibir a superioridade de sua votação em comparação com os demais membros do MDB escalados para a sucessão do poder.
O desafio do MDB
Embora o MDB seja a legenda mais forte do Pará atualmente, as disputas internas podem minar sua unidade. O partido terá que equilibrar os interesses dos veteranos, que cobram reconhecimento por sua contribuição, com o desejo do governador Helder de apostar em um nome novo. A escolha de Hanna como candidata oficial exigirá um esforço de convencimento, tanto dentro da sigla quanto junto à população.
Mesmo com toda essa movimentação nos bastidores, Helder tem dito que não abre mão do que já deixou claro desde o primeiro ano de seu segundo mandato: Hanna é a candidata do MDB à sua sucessão. E ponto final.
A oposição
Do lado da oposição, a movimentação também é intensa. O deputado federal Éder Mauro (PL), conhecido por seu discurso de linha dura e popularidade em setores conservadores, já demonstra interesse em entrar novamente na disputa, após a derrota nas eleições municipais de 2024, quando tentou a prefeitura de Belém. Éder busca fortalecer sua base no interior do estado para compensar a rejeição enfrentada na capital.
Outro nome que promete esquentar a corrida é o do prefeito de Ananindeua, Dr. Daniel Santos, que rompeu com Helder Barbalho e posiciona-se como uma alternativa ao projeto do MDB. Com um discurso que critica a centralização política do grupo que governa o Pará, Daniel pretende explorar o desgaste natural que em 2026 terá 12 anos de hegemonia do partido no estado.
Deputada federal mais votada nas últimas eleições, há quem já comece a prever que a esposa de Daniel, Alessandra Haber (MDB) também esteja sendo cogitada para se apresentar na disputa pelo governo. O plano B da “República de Ananindeua” seria uma aternativa, caso seu marido enfrente dificuldades judiciais, pois há temores de que as investigações iniciadas no Ministério Público e que tramita no Tribunal de Justiça do Esado do Pará – e que se encontra em sigilo – realizou o pedido de quebra de sigilo bancário e fiscal do prefeito de Ananindeua, Dr. Daniel Santos (PSB), o qual está sendo acusado de se beneficiar junto com outras pessoas, de desvios de verbas públicas em benefício do Hospital Santa Maria, localizado no mesmo município.
O suposto esquema seria articulado entre o referido hospital e o Instituto de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado do Pará (IASEP), alvo de uma investigação do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado – GAECO, contra seus dirigentes, durante o governo de Helder Barbalho (MDB), conforme noticiou de forma exclusiva, o blog AS FALAS DA PÓLIS, há mais de cinco meses.
Suspeita de fraude na chapa de Daniel
Outro problema que causa preocupação na chamada “República de Ananindeua” é o fato iniciado pelo pedido de Impugnação contra candidatura do vice-prefeito de Ananindeua por suspeita de fraude.
A candidatura de Hugo Atayde, vice-prefeito de Ananindeua nas Eleições Municipais de 2024, enfrenta impugnação por suspeita de fraude na substituição do candidato anterior, Ed Wilson Dias e Silva, que renunciou. A troca, solicitada pela coligação “Ananindeua do Povo para a Mudança Continuar” em 16 de setembro, apresentou irregularidades na documentação, como a ausência da ata formal da reunião que deveria deliberar a substituição, conforme exige a legislação eleitoral.
O processo foi aberto em 25 de setembro, solicitado por Gisela Romariz Sequeira (Partido Solidariedade) junto ao TRE-PA, sob nº 0600500-59.2024.6.14.0072. A ausência de provas de que o Partido Solidariedade renunciou à indicação de um novo nome e alegações de substituição precipitada reforçam as suspeitas.
Denúncias de coação e falsificação de documentos:
- Rubens Pacheco, candidato a vereador e presidente do partido Democracia Cristã (DC), relatou à Polícia Federal ter sido pressionado a assinar, sob coação, uma declaração falsamente atestando sua participação na reunião de substituição.
- Ele também foi levado ao cartório para autenticar o documento sob pressão. Durante depoimento, expressou temor por sua segurança.
Inconsistências adicionais:
- Um vídeo de Hugo Atayde, onde ele afirma ter “dormido candidato a vereador e acordado candidato a vice”, sugere falta de planejamento e legalidade.
- Em áudios circulando nas redes sociais, Arlindo Silva, presidente do PR Ananindeua, negou participação na reunião, apesar de seu nome constar na ata.
A denúncia segue em análise pelo TRE-PA.
Cenário aberto
Com a polarização em alta e a possibilidade de novas alianças surgirem, a sucessão de 2026 no Pará promete ser uma das mais acirradas dos últimos anos. Entre a força do legado de Helder, a disputa interna do MDB e o crescimento da oposição, o eleitorado paraense será protagonista de uma eleição com desfecho imprevisível.
A pouco menos de dois anos do pleito, as cartas estão na mesa, mas o jogo político ainda está longe de ser definido. Em relação aos nomes que estão se posicionando para a disputa pelo senado, trataremos em um próximo artigo.
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