Rogério Barra (PL) quer barrar shows com apologia ao sexo e drogas. Juiz autoriza shows em Cametá e MP pede a suspensão ao TJE

Pablo Vittar, Rogério Barra e Victor Cassiano
A artista Pablo Vittar, o deputado estadual Rogério Barra e o prefeito de Cametá Victor Cassiano.

Não adiantou a manifestação do Ministério Público e nem do deputado estadual Rogério Barra (PL), que pediam o cancelamento do show de Pabllo Vittar, com previsão de acontecer dentro do Festival da Diversidade, no município de Cametá, neste próximo final de semana.

O titular da 2ª Vara Cível da Comarca de Cametá, juiz Marcio Rebello indeferiu pedido do Ministério Público para manter a programação do Festival de Verão, que prevê a polêmica e cara apresentação de Pabllo Vittar, além do grupo baiano Timbalada, Tonny Garrido, Dom Juan, e outros artistas. A ação do MP aponta “incompatibilidade da realização com recursos públicos”. Ao total, durante o último final de Julho, a prefeitura torrará 1,5 milhão de reais na promoção do Festival de Verão.

A notícia vem depois da prefeitura anunciar no dia 27 de Março deste ano, ou seja, a exatos quatro meses, a publicação de um Decreto de Emergência, onde afirma “que o município vem sofrendo com as INTENSAS CHUVAS que atingiram a região provocando alagamentos na área urbana, vicinais e logradouros públicos, afetando dezenas de famílias do município e que este não disponibiliza de recursos financeiros específicos para ações de defesa civil a fim de conter os danos e prejuízos causados pelas chuvas intensas”.

O portal diogenesbrandao.com recebeu a informação de que só para o show da artista trans Pablo Vittar, além do cachê, a prefeitura custeará as passagens aéreas de cerca de 22 integrantes de sua equipe, além das exigências de carro blindado, melhor hotel, alimentação especial, entre outros pedidos da cantora. Quase tudo isso também será garantido para os demais artistas “de fora”.

O prefeito de Cametá, Victor Cassiano (MDB) se manifestou através do portal da prefeitura, onde afirmou que “essas reações fazem parte do preconceito estrutural que está enraizado na sociedade e que precisa ser combatido todos os dias para uma sociedade mais justa e democrática”.

“Combater o preconceito. Esse é o ponto, afirmou o Prefeito Victor Cassiano, acrescentando que, “Já tivemos vários festivais em nossa cidade com valores do cachê maior do que está sendo pago ao artista Pablo Vittar e essas mesmas pessoas nunca se importaram. Hoje que estamos fazendo um festival de inclusão independente de raça, religião ou opção sexual, estamos sendo atacados de forma leviana, por pessoas que não fazem nada para combater o preconceito que fere e mata todos os dias milhares de pessoas“, enfatizou Victor Cassiano.

PROTEÇÃO PODEROSA

Membros do partido do governador Helder Barbalho – que tem evitado se manifestar sobre a polêmica – o MDB Diversidade Pará, expressou sua solidariedade ao Prefeito Victor Cassiano e repudiou os ataques sofridos. Ressaltou ainda que, “as manifestações de intolerância e preconceito, sofridasm pelo Prefeito e pelo evento vistos na internet são inaceitáveis”, afirma o trecho da nota.

Outros prefeitos aliados de Helder Barbalho também sentem-se livres para torrar fortunas, muitas delas com recursos estaduais via Fundação Cultural do Pará e de emendas parlamentares, que saem dos cofres públicos do estado, diretamente para empresas, algumas denunciadas por operarem a famosa “rachadinha”, esquema criminoso de desvios de dinheiro público, onde os artistas recebem apenas um percentual do que está no contrato e a outra parte dos recursos é dividida entre parlamentares, produtores culturais e agentes públicos.

REAÇÃO

Segundo o deputado Rogério Barra, só o valor do cachê de Pablo Vitar é R$ 421 mil. Ou seja, quase meio milhão de reais para uma única apresentação. Para o parlamentar, o valor gasto pela Prefeitura poderia ser destinado ao custeio e melhoria de serviços públicos básicos essenciais, que não estão sendo ofertados na cidade, em especial na saúde.

Diante da negativa do juiz Marcio Rebello em cancelar os shows, o MP peticionou junto ao Tribunal de Justiça pedido para suspensão da programação. Caberá agora aos magistrados paraenses se os shows ocorrerão, sendo que já devem até estar pagos, como se vê nesse tipo de contratação.

ALEPA DEVE ANALISAR FUTUROS EVENTOS

Em reação a esse tipo de contratação, o deputado estadual Rogério Barra (PL) protocolou na Assembleia Legislativa do Pará, os Projetos de Lei sobre a regulamentação da aplicação de recursos públicos em eventos municipais, obrigando as prefeituras que apresentem um estudo de viabilidade econômica, que justifique a realização dos eventos pagos com recursos públicos.

“É um absurdo o que estão fazendo com o dinheiro público no nosso estado. Essa farra tem que acabar! As prefeituras devem investir dinheiro no que é realmente importante para a população a longo prazo, como postos de saúde e escolas, e não gastar quase meio milhão de reais com um evento que não vai trazer nenhum tipo de benefício social para a população” – diz o Deputado Rogério Barra.

Outra artista criticada pelas redes sociais e pelo deputado é a cantora Manu Bahtidão que, segundo ele, promove um espetáculo de depravações em praça pública, com apresentações de forte apelo sexual, desrespeitando famílias e objetificando mulheres.

O parlamentar também protocolou outros dois Projetos de Lei, que dispõem sobre a obrigação da contratação de 75% de artistas locais em eventos municipais e que proíbem a utilização de dinheiro público para realizar eventos com artistas que promovam a sexualização de crianças e adolescente e a apologia ao uso de drogas.

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