Rio Tapajós atinge menor marca desde 2010 e seca preocupa moradores de Alter do Chão

A estiagem que atinge diversos municípios paraenses choca quem vive em regiões como Alter do Chão, conhecida como o 'Caribe Amazônico'.

A Defesa Civil de Santarém, oeste paraense, anunciou na terça-feira (3) que a seca do rio Tapajós atingiu o nível mais baixo desde 2010, com 1,58m. A seca de 2010 foi considerada a mais preocupante do século 20, por atingir 1,32m.

Embora a seca faça parte do verão amazônico, os prejuízos que já atingem cidades próximas a Alter, mas no estado do Amazonas, preocupam ainda mais os moradores de comunidades ribeirinhas na proximidade, pois além da seca e do calor intenso, a estiagem também provoca a falta de água potável.

registro fotográfico feito por drone da seca em Alter do Chão em outubro de 2023

A falta d’água, por sua vez, leva, inclusive, escolas a suspenderem as aulas e pedir aos alunos que estudem de casa, pois, além do início da falta de recursos físicos, os leitos de rio utilizados para levar as crianças até sus escolas está mais difícil de trafegar.

Para onde ir?

O pescador Jacob Rego, que vive na comunidade do Pinduri, em Santarém, diz que os problemas atingem todas as comunidades mais próximas e explica ainda que não se trata de uma falta de alimentos apenas pela seca em si, mas pela impossibilidade de ir aos locais onde na situação está menos pior:

“A gente é acostumado a ter nossa forma de sobrevivência perto da gente, então quando é tempo de plantar a gente planta, mas agora, não dá pra plantar e nem atrás de peixe porque com a água cada vez mais baixa é arriscado perder o barco ou encalhar e não conseguir voltar pra casa”, diz Jacob.

Além do previsível

Já a meteorologista Andrea Ramos, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), explica que o aumento a temperatura é esperado, mas a ação do homem na natureza possuo relação direta com extremos climáticos cada vez mais intensos:

“São ondas de calor mais intensas e estiagens mais arriscadas no norte, possibilidades de enchentes, deslizamentos e ventanias do sul e sudeste. Os eventos extremos tem relação direta com o agir do homem predando a natureza”, disse a especialista.

Alcançando quem mais precisa

O Projeto Saúde e Alegria (PSA), iniciativa civil sem fins lucrativos que atua na região do Tapajós desde 1987, conta que embora realize diversos projetos de conscientização ambiental e fortalecimento de futuras gerações, urgências como esta exigem assistência imediata às família atingidas:

“Educamos e também socorremos em momentos como este. Há família ribeirinhas com crianças doentes e idosos em casa. Essas pessoas não podem simplesmente sair em busca de ajuda então é necessário que essa ajuda possa chegar a eles”, diz o comunicado.

A prefeitura de Santarém informa que está trabalhando em ações de assistência aos atingidos pela seca, mas que também está estruturando ações preventivas para diminuir os impactos da seca de 2024, que pode chegar ainda mais intensa.