Protesto contra aumento de tarifas de balsas no Porto Camará entra no quarto dia e se intensifica no Marajó

Enquanto isso, o impasse continua e o clima no Porto Camará segue tenso, com a mobilização ganhando novos adeptos e os protestos ficando cada vez mais intensos.

Os protestos contra o aumento das tarifas de balsas no Porto Camará, em Salvaterra, no arquipélago do Marajó, chegaram ao quarto dia nesta quarta-feira (19). O movimento, iniciado por caminhoneiros no último domingo (16), ganhou adesão de donos de vans e comunidades quilombolas da região. A mobilização já começa a afetar o abastecimento de hortifrutis e combustíveis nos municípios marajoaras.

A principal reivindicação dos manifestantes é a redução dos preços das passagens para veículos que fazem a travessia entre Camará e Belém. Dependendo do porte do automóvel e da carga transportada, os valores podem ultrapassar R$ 2,4 mil. Segundo a Associação de Transportadores de Cargas e Logística do Marajó (Atransmar), o reajuste chega a 23% e compromete financeiramente os trabalhadores que dependem do transporte fluvial para exercer suas atividades.

“Esse aumento a gente considera fora do normal. No sentido de que é mais de 23% esse aumento. Sendo que a sala vip teve um aumento de 100%. Nós somos caminhoneiros, a gente trabalha com carga para o Marajó. O que acontece é que um caminhão que antes a gente pagava R$ 992, hoje estamos pagando R$ 1.222, ou seja, R$ 230 a mais, só na passagem, o que já era caro, ficou mais ainda”, afirmou Shyrley Pedrosa, presidente da Atransmar.

O vereador de Salvaterra, Saulo Araújo (Solidariedade), fez um discurso na Câmara Municipal e afirmou que protocolou junto ao Ministério Público Federal (MPF) uma manifestação contra o reajuste que foi aplicado nos preços das passagens do porto. “Este reajuste excessivo afeta diretamente nossa população, já que este é o único meio de transporte de grandes cargas que atende os municípios de Salvaterra, Soure e Cachoeira do Arari. Pedi que este reajuste seja cancelado”, disse o vereador.

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Na manhã desta quarta-feira, manifestantes bloquearam a PA-154, rodovia estadual que liga Salvaterra a outros municípios do Marajó. Moradores denunciam que policiais da tropa de choque utilizaram spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo dentro de residências e até em uma escola próxima ao local do protesto. A ação causou mal-estar em alunos e professores, que precisaram de atendimento médico.

A Agência de Regulação e Controle dos Serviços de Transporte Público (Artran) divulgou uma nota oficial afirmando que “não houve paralisação em rodovia e nenhuma cooperativa ou associação fez reclamação formal sobre qualquer reivindicação”. A agência justificou o reajuste alegando que as tarifas estavam defasadas há três anos e que “a nova tarifa se aplica somente aos veículos. Os passageiros da classe econômica não terão que pagar a mais pela travessia”.

Diante da crescente tensão, promotores de Justiça de Salvaterra, Soure e Cachoeira do Arari estão organizando uma reunião para avaliar possíveis medidas judiciais. Existe a expectativa de que algumas lideranças do movimento sejam convocadas para apresentar suas reivindicações. Enquanto isso, o impasse continua e o clima no Porto Camará segue tenso, com a mobilização ganhando novos adeptos e os protestos ficando cada vez mais intensos.

A redação do Portal Estado do Pará On-line (EPOL) entrou em contato com a Henvil Transportes, empresa responsável pela operação da linha que faz o trajeto entre Porto Camará e Icoaraci, em Belém, e aguarda um posicionamento sobre os protestos na região.

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