A escolha do novo desembargador do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), por meio do Quinto Constitucional, tornou-se alvo de controvérsias após denúncias envolvendo a condução do processo pela Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará (OAB-PA). Advogados acusam a entidade de ter promovido uma sabatina eliminatória que teria excluído nomes apoiados pela classe e apontam suposto consumo de bebida alcoólica por membros da diretoria durante a eleição.
Vídeos divulgados pelo portal Metrópoles mostram integrantes da diretoria da OAB-PA, incluindo o presidente Sávio Barreto e a vice-presidente Brenda Araújo, em clima descontraído, trocando brindes com canecas da instituição, ainda segundo o portal, os integrantes estariam consumindo bebida alcoólica. Em um dos registros, Brenda responde à própria filha, que pergunta se o conteúdo da caneca era água, com a afirmação de que se tratava de um “drink”.
Inicialmente, 26 advogados estavam aptos a disputar a vaga, mas após uma sabatina conduzida por uma Comissão de Arguição, apenas 12 nomes foram levados à eleição para formação da lista sêxtupla. A votação, segundo a OAB-PA, foi acirrada, com urnas eletrônicas cedidas pelo TRE-PA e critérios objetivos de desempate, como a antiguidade na advocacia.
Em nota, a Ordem afirmou que o processo é transparente, legal e supervisionado pela Comissão Eleitoral, negando qualquer favorecimento ou direcionamento político. A instituição classificou as denúncias como infundadas e garantiu que todos os candidatos tiveram tratamento igualitário.
O presidente da OAB-PA, Sávio Barreto, também se pronunciou oficialmente sobre o episódio, rebatendo as acusações do portal Metrópoles:
“Fico admirado de um órgão de imprensa que julgava sério sugerir que haveria uma grande festa com open bar em uma sessão do conselho da OAB-PA.
Brenda bebe energético e, nesse dia do Conselho, foi servida de Red Bull, dividido, inclusive, com outro conselheiro. A expressão ‘drink’ foi utilizada com sua filha para explicar que não deveria beber.
Nessa sessão de eleição do Quinto Constitucional, eu sofri as pressões mais intensas que se pode imaginar para intervir e passar um candidato que não tinha adesão entre os pares. Mantive a neutralidade e ele não passou por falta de méritos próprios.
As mesmas forças que me pressionaram utilizam agora a imprensa com um ardil para se vingar do resultado eleitoral desfavorável.
E o que é pior, resolveu atacar uma mulher e mãe, expondo a imagem, ainda que borrada, de sua filha, numa atitude covarde que merece reprovação firme de toda a sociedade.
Devo ressaltar que a mesma ‘força’ que se revoltou com a ausência do seu candidato predileto, teve vários outros(as) candidatos(as) de sua confiança aprovados(as), de forma democrática e sem pressões. Mas, mesmo assim, ficou insatisfeito por não ter conseguido 100% do resultado que desejava.
Da minha parte, como presidente dessa instituição que tanto amo, vou resistir contra esse tipo de interferência por parte de quem se acha dono daquilo que não lhe pertence.
Lutarei com todas as minhas forças, junto com a minha Diretoria, meu Conselho e minha classe.”
Além do pronunciamento, a OAB-PA divulgou uma nota pública em defesa da integridade da instituição, criticando o que classifica como tentativas de deslegitimar o processo democrático, confira na íntegra:
“A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará (OAB-PA) vem a público repudiar veementemente mais uma tentativa de deslegitimar o processo democrático, transparente e sério de escolha da lista sêxtupla para o Quinto Constitucional, conduzido com absoluta responsabilidade por esta instituição.
Desta vez, a tentativa de ataque ultrapassou os limites da razoabilidade e da ética jornalística. Acusações infundadas foram direcionadas à vice-presidente da entidade, Brenda Araújo, envolvendo suposta ingestão de bebida alcoólica durante a sessão de arguição dos candidatos. A narrativa se constrói a partir de um recorte de vídeo descontextualizado, em que aparece com sua filha de apenas 2 anos — cuja imagem foi exposta de forma sensacionalista.
A verdade é simples: em uma sessão longa, que durou mais de 12 horas, a conselheira consumiu uma bebida estimulante não alcoólica (energético), compartilhada entre colegas no Plenário. Ao conversar com a filha, usou o termo “drink” em tom lúdico, comum entre mães e pais, para explicar que se tratava de algo que a criança não podia tomar.
Houve, ainda, insinuações de que outros diretores estariam bebendo e brindando na reunião do Conselho, fato impossível de ocorrer dentro de uma sessão solene, na presença de mais de 100 pessoas, sem que haja uma testemunha sequer para confirmar.
Infelizmente, este episódio se soma a uma série de ataques que vêm sendo desferidos contra a OAB-PA com o único objetivo de gerar instabilidade institucional e comprometer a credibilidade de um processo conduzido com lisura, pluralidade e participação efetiva da classe.
Quando a crítica ultrapassa a fronteira do debate legítimo e passa a atacar pessoas — especialmente mulheres e mães — com base em distorções e insinuações maliciosas, é a própria democracia interna da advocacia que está sob ataque.
O presidente da OAB-PA, Sávio Barreto, comunicou ao Conselho que os ataques estão sendo feitos por parte da mídia que está comprometida (ou paga) pelos interesses das forças contrariadas com a ausência de um candidato que não foi aprovado no Conselho em uma disputa legítima, onde sempre haverá vencedores e perdedores, dada a qualidade de todos os postulantes que se apresentaram à eleição.
A OAB-PA permanecerá firme na defesa da verdade, da honra de seus dirigentes e da integridade institucional. Não aceitaremos que interesses externos ou motivações político-pessoais tentem desqualificar um dos processos mais transparentes e concorridos da história recente da advocacia paraense.”
Belém, 1º de julho de 2025 – Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará
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