Presidência da COP 30 propõe 30 ações globais para acelerar metas climáticas do Acordo de Paris - Estado do Pará Online

Presidência da COP 30 propõe 30 ações globais para acelerar metas climáticas do Acordo de Paris

Documento divulgado pela presidência brasileira da conferência defende nova agenda de ação com seis eixos estratégicos e consulta inclusiva com sociedade civil e setor privado.

A presidência brasileira da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 30), que será realizada em Belém em novembro, apresentou nesta sexta-feira (20) uma nova proposta de agenda global de ação climática. O documento, assinado pelo embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP 30, lista 30 ações concretas divididas em seis eixos temáticos para acelerar a implementação do Balanço Global (Global Stocktake – GST) do Acordo de Paris.

A proposta sugere que o GST — mecanismo de revisão das metas climáticas adotado por 198 países — passe a funcionar como uma espécie de Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) em escala global. A intenção é transformar o GST em uma ferramenta de implementação imediata, rompendo com o modelo das COPs anteriores, em que a definição da agenda era parte do processo negocial.

De acordo com Corrêa do Lago, a ideia é iniciar os debates já com os temas consensuados no GST, buscando avançar para a prática com legitimidade internacional. “A arquitetura pensada prevê a mobilização de todos os setores e 420 reuniões preparatórias até a COP 30”, afirmou o embaixador.

Os seis eixos propostos na agenda são:

  1. Transição energética, da indústria e dos transportes;
  2. Gestão de florestas, oceanos e biodiversidade;
  3. Transformação da agricultura e dos sistemas alimentares;
  4. Criação de resiliência para cidades, infraestrutura e recursos hídricos;
  5. Promoção do desenvolvimento humano e social;
  6. Aceleração de capacidades, incluindo financiamento, tecnologia e capacitação.

Entre as 30 ações destacadas, estão medidas como triplicar o uso de energias renováveis, acabar com o desmatamento, garantir acesso equitativo à alimentação, reformar sistemas de saúde e educação diante da crise climática e promover bioeconomia, inovação e tecnologias digitais.

O documento também destaca a importância de envolver governos subnacionais, setor privado, universidades e sociedade civil na agenda de ação. A participação de múltiplos setores, segundo o texto, gera benefícios em cascata e evita iniciativas isoladas com baixo impacto.

Outro ponto de destaque é a consulta inclusiva que será realizada com todos os setores interessados, liderada pelos dois Campeões de Alto Nível da COP 29 e da COP 30, Nigar Arpadarai e Dan Ioschpe. Serão criados grupos de trabalho para cada área temática ao longo do segundo semestre, com o objetivo de construir consensos e propostas de implementação imediata.

A agenda apresentada reforça que as medidas devem ser flexíveis e adaptáveis às realidades regionais, respeitando as diferenças geográficas, econômicas e sociais. “A natureza multifacetada do desafio climático exige soluções inovadoras sob medida”, diz a carta oficial.

A presidência da COP 30 espera que o novo formato contribua para mudar a percepção sobre os processos da conferência climática. “As principais reclamações são que se assina e nada acontece. Queremos mostrar que, desta vez, a implementação é prioridade desde o início”, concluiu Corrêa do Lago.

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