A possível resposta do governo brasileiro ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos pode afetar diretamente o preço de medicamentos usados no tratamento de câncer e doenças raras. Embora os produtos da área médica não estejam entre os alvos diretos das tarifas anunciadas por Donald Trump, uma retaliação comercial brasileira poderia elevar os preços desses insumos em até 30%, segundo especialistas do setor.
No ano passado, o Brasil importou cerca de US$ 10 bilhões em itens médicos, como reagentes, instrumentos cirúrgicos e aparelhos, sendo os EUA um dos principais fornecedores. No primeiro semestre deste ano, o país já adquiriu US$ 4,3 bilhões em medicamentos de alto custo, com destaque para a União Europeia (60% das compras), seguida por Alemanha e Estados Unidos, com cerca de 15% cada.
Apesar da produção nacional de genéricos atender boa parte da demanda interna, 95% dos insumos farmacêuticos usados no país vêm da China, o que evidencia a dependência externa. Para Norberto Prestes, da Abiquifi, o momento reforça a necessidade de investir em pesquisa e produção local como estratégia de soberania.
Alternativas como China, Índia e Turquia já são cogitadas por empresários para reduzir a dependência dos EUA, mas a substituição não seria imediata nem barata. Paulo Fraccaro, da Associação Brasileira de Indústria de Dispositivos Médicos, alerta que medidas de reciprocidade podem ter efeito direto nas prateleiras.
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