Nesta sexta-feira (28), dia em que a Polícia Federal celebra 81 anos, a corporação no Pará apresentará um projeto pioneiro de produção de biocombustível a partir da maconha apreendida. O estudo, denominado “Projeto Cannabiocombustível”, conta com a colaboração das Universidades Federais do Pará (UFPA) e de Santa Catarina (UFSC) e busca desenvolver uma forma economicamente viável de conversão da droga em energia renovável.
O perito criminal federal Antônio Canelas explica que o reator utilizado no experimento já tem produzido bio-óleo, que pode ser refinado para obtenção de gasolina, diesel e querosene sustentáveis. No entanto, o processo ainda está em fase de aprimoramento, visando maximizar a eficiência e a qualidade do produto final.
Além do bio-óleo, o procedimento também gera biocarvão altamente poroso, que pode ser utilizado na despoluição de águas residuais ou como fertilizante, e um condensado aquoso, conhecido como vinagre pirolítico, que apresenta potencial para ser empregado como conservante de alimentos ou fungicida.
O estudo, iniciado há cerca de dois anos no Laboratório da Superintendência da Polícia Federal no Pará, segue em fase inicial. Ainda não foram esgotadas todas as possibilidades de aplicação dos produtos obtidos na decomposição da maconha, e há possibilidade de se descobrirem propriedades medicinais no bio-óleo, a depender de análises laboratoriais futuras.
A iniciativa representa uma solução inovadora para a geração de energia renovável em Belém, cidade que sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP30). Além do impacto ambiental positivo, o projeto traz vantagens logísticas e econômicas para a administração pública, reduzindo a necessidade de grandes espaços de armazenamento de drogas apreendidas e minimizando os riscos de invasão de delegacias para o resgate de entorpecentes. Também elimina a necessidade de operações complexas para transporte e incineração dessas substâncias, que costumam ocorrer em locais remotos.
O processo desenvolvido no laboratório da PF no Pará pode atingir temperaturas de até 500°C e, dependendo da capacidade do reator, processar mais de uma tonelada de maconha em 24 horas.
O projeto conta com a participação do professor Dr. Nélio Teixeira (UFPA) e dos professores Dr. Adriano da Silva e Dra. Ana Immichi Bueno (UFSC).
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