Pode tomar café de açaí? pesquisadores apresentarão estudo na Alepa

A intenção foi discutir um regulamento técnico de criação de um padrão de identidade e qualidade do produto, especificamente o grão de açaí torrado e moído, para a comercialização no Estado do Pará, no Brasil e no mercado internacional.

Embalagem violeta e laranja de café de açaí
Reprodução

Nesta segunda-feira (26), os professores e pesquisadores da UEPA e UFPA Diego Aires e Nilton Akio apresentarão à Adepará os resultados das pesquisas que comprovam a qualidade do café de açaí como bebida. O produto é feito com o caroço do açaí.

Em julho de 2023, a Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) formou uma reunião para discutir o andamento das pesquisas para a regulamentação do produto no Estado. O encontro reuniu representantes da Câmara Técnica de Comercialização, Agroecologia, Produtos Orgânicos e Sociobiodiversidade; da Associação Brasileira das Indústrias de Café de Açaí (Abica); pesquisadores das Universidades Federal do Pará (UFPA), do Estado do Pará (Uepa) e Federal Rural da Amazônia (Ufra); além de empreendedores do segmento; ocorreu no gabinete do deputado Eraldo Pimenta (MDB).

A intenção foi discutir um regulamento técnico de criação de um padrão de identidade e qualidade do produto, especificamente o grão de açaí torrado e moído, para a comercialização no Estado do Pará, no Brasil e no mercado internacional.

A Universidade do Estado do Pará ficou com a responsabilidade da pesquisa físico-química; enquanto a Universidade Federal do Pará ficou encarregada dos estudos de toxicologia; e a Ufra, dos estudos da microbiologia do subproduto do açaí.

Nilton Akio é professor de biotecnologia da UFPA e pesquisador do Centro de Valorização de Compostos e Bioativos da Amazônia, reforça que o caroço do açaí é um subproduto da cadeia do açaí, representando 85% da composição do fruto e os outros 15% são da polpa do fruto.

“Esse subproduto pode ser utilizado como matéria-prima para pesquisa de novos produtos, um deles é o café de açaí, mas, para dar validade e segurança ao consumo, é preciso fazer estudos para garantir que o produto seja isento de danos ou toxicidades e, posteriormente, levantar informações sobre os benefícios que esse produto pode trazer”, pontuou Nilton.

O que é um subproduto?

Um subproduto é um produto secundário ou acidental resultante de um processo de fabricação, uma reação química ou uma via bioquímica. Não é o produto ou serviço primário à que se orienta a produção específica. Um subproduto pode ser útil e comercializável, ou pode ser considerado um resíduo.

Diego Aires é professor e coordenador do curso de Tecnologia de Alimentos da UEPA, ele lembra que o trabalho do grupo de pesquisadores é voltado para conferir apoio técnico a esses prodores e também aos órgão competentes.

“Os produtores começaram a entender e processar esse resíduo, e foi aí que os órgãos competentes começaram a nos procurar, como Sebrae, para pedir apoio, e nós tínhamos pesquisas voltadas para essa área. Nosso trabalho é voltado para falar sobre a viabilidade desse mercado do ponto de vista toxicológico, técnico e de saudabilidade, grau de risco, para que esse processo possa fluir. Estamos em um processo de levantamento de dados de processamento e toxicologia, e microbiologia para fornecer aos órgãos competentes essas informações. Por exemplo, como ele pode ser melhor armazenado, como deve ser o processamento desse produto”, explicou Diego.

Orlando Nascimento é presidente da (Abica), contador, e se tornou produtor de café de açaí em Pacajá após experimentar essa nova bebida para reduzir os índices de glicose, para controle de diabetes. O produto é produzido há mais de 30 anos.

“Há um ano e meio, o Governo do Pará resolveu, através da Vigilância Sanitária fechar as fábricas e retirar esse produto do mercado. Então, essas empresas sentiram muito, eram 50 toneladas por mês com exportação, ou seja, comercialização não só fora do Pará, a nível nacional, como internacional. Foi um choque. Milhares de pessoas ficaram desempregadas. Então o objetivo hoje da reunião é tentar avançar na legalização desse produto, saber em que ponto das pesquisas nós estamos para seguir em frente”, explicou Orlando.

O empresário Adilson Cavalcante atua na produção de café do açaí, e fala que o grupo de mais de 50 produtores tem capacidade de produção. “A gente tem a produção, tem capacidade de produção. Porém ficamos parados em função dessa portaria que foi lançada pelo governo do estado. E hoje a gente produz só pra consumo interno, para familiares, como experiência. Então estamos buscando a liberação para poder voltar a produzir”.

Leia também: