A Prefeitura de Belém realizou, nesta quinta-feira (16), uma coletiva de imprensa para tratar da Operação Óbolo de Caronte, deflagrada pela Polícia Federal (PF). A ação mira suspeitas de fraudes em licitações, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro em contratos firmados pela antiga Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan), hoje incorporada à Secretaria Municipal de Zeladoria e Conservação Urbana (Sezel).
De acordo com a Polícia Federal, entre 2020 e 2024, empresas ligadas ao grupo investigado assinaram contratos que somam cerca de R$ 153 milhões, envolvendo obras consideradas prioritárias para a capital. Entre os alvos da investigação está o Projeto Mata Fome, orçado em R$ 132 milhões e incluído no PAC Seleções do Governo Federal, cuja licitação foi suspensa em janeiro deste ano pelo Tribunal de Contas dos Municípios do Pará (TCM-PA).
A operação cumpriu 13 mandados de busca e apreensão, 12 afastamentos de servidores públicos, três suspensões de contratos e bloqueio de bens em Belém e no Rio de Janeiro. Segundo a PF, foram identificados saques em espécie logo após pagamentos públicos, o que indicaria tentativa de lavagem de dinheiro. Em uma das ações, em novembro de 2024, os agentes apreenderam R$ 601 mil em dinheiro vivo.
Secretaria afirma que contratos são da antiga gestão
Durante a coletiva, o secretário da Sezel, Cleiton Chaves, afirmou que os contratos investigados foram assinados na gestão anterior e que a atual administração vem colaborando com as autoridades.
“A Polícia Federal recolheu documentos referentes ao período de 2020 a 2024. Nenhuma dessas empresas mantém vínculo com a gestão atual. Todo o material solicitado foi entregue”, disse Chaves.
O secretário informou ainda que foi aberta uma sindicância interna para verificar se há servidores municipais citados no inquérito.
“Se forem encontradas irregularidades ou envolvimento de servidores, o caso será encaminhado às instâncias competentes e as medidas cabíveis serão tomadas”, acrescentou.
Procuradoria acompanha caso e aguarda relatório da PF
O procurador-geral adjunto do município, Alex Potiguar, declarou que a Prefeitura só tomou conhecimento da operação na manhã de hoje e aguarda mais informações da PF.
“Estamos acompanhando o caso e à disposição para colaborar. Caso haja confirmação de desvio de recursos, o objetivo é buscar o ressarcimento ao erário e garantir que o dinheiro público volte a ser usado em benefício da população”, afirmou Potiguar.
A investigação segue sob sigilo judicial. A Prefeitura informou que continuará prestando apoio técnico e documental à Polícia Federal até a conclusão do caso.
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