No estudo divulgado na sexta-feira (7) pelo Atlas da Violência 2025, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a análise indica queda dos homicídios no país e expansão territorial das facções para municípios médios e pequenos. O levantamento também evidencia o crescimento do crime organizado no interior do Pará, onde a interiorização do tráfico e das disputas entre grupos passou a desafiar as forças de segurança do estado.
Interiorização do crime
O Atlas descreve a presença de grandes facções em todas as unidades da Federação, com intensidades distintas, e destaca que estratégias baseadas em inteligência e gestão por resultados têm sustentado a queda da letalidade. A nota técnica de lançamento reforça que o redesenho do mapa do crime exige coordenação entre estados.
Pará: queda da letalidade e foco nas cidades menores
No Pará, os Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLI) somaram 1.527 ocorrências entre janeiro e outubro de 2025, redução de 55,58% em relação a 2018 e de 6,43% na comparação com 2024. Na Região Metropolitana de Belém, setembro de 2025 registrou 14 CVLI, o menor patamar da série histórica.
Facções ativas e disputas
Relatórios e estudos indicam hegemonia do Comando Vermelho (CV) em grande parte do estado e aliança do Primeiro Comando da Capital (PCC) com o Comando Classe A (CCA), surgido em Altamira, com reflexos em rotas fluviais e áreas portuárias. Episódios como a rebelião de 2019, atribuída ao CCA contra o CV, consolidaram a disputa entre as facções.
Ações de combate
A Delegacia de Repressão a Facções Criminosas (DRFC) e a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO-PA) realizaram nove prisões entre 3 e 7 de novembro de 2025, e operações integradas da Polícia Federal e forças estaduais cumpriram mandados no fim de outubro. Os boletins oficiais sustentam o ciclo de operações, inteligência e prisões qualificadas como eixo da redução dos indicadores de violência.
Contexto amazônico
Levantamento regional mostra que 67% dos municípios da Amazônia, considerando seis países da região, têm presença de grupos armados, e 32% já convivem com mais de um grupo no mesmo território, o que amplia o risco de difusão para cidades menores.
Mesmo diante desse cenário, o Pará mantém trajetória de redução nas mortes violentas, resultado de políticas integradas de prevenção, inteligência e policiamento ostensivo. Especialistas avaliam que o fortalecimento dessas estratégias, aliado à ampliação da presença estatal fora das capitais, será decisivo para conter a consolidação do crime organizado e garantir a estabilidade dos indicadores de segurança pública no estado.











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