Paes Loureiro sugere transferência da Prefeitura de Belém e manutenção do MABE no Antônio Lemos

Poeta paraense faz apelo ao prefeito Igor Normando e propõe devolução do espaço à cultura e à educação pública.

Em uma carta aberta lida em vídeo publicado nas redes sociais, o poeta, professor e pensador amazônico João de Jesus Paes Loureiro fez um apelo direto ao prefeito de Belém, Igor Normando (MDB). O pronunciamento, respeitoso mas contundente, reage à decisão da prefeitura de ocupar parte do Museu de Arte de Belém (MABE) com setores administrativos, reduzindo o acesso da população aos espaços de exposição, visitação e ações educativas.

Localizado no histórico Palácio Antônio Lemos, o MABE é um dos principais equipamentos culturais da capital paraense. Nos últimos meses, salas do museu passaram a abrigar gabinetes e departamentos da prefeitura, comprometendo sua função original como espaço voltado à arte, memória e educação. A medida tem gerado indignação de artistas, pesquisadores, produtores culturais e representantes da sociedade civil, que veem na mudança um grave retrocesso.

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No vídeo, João de Jesus Paes Loureiro propõe que o prefeito reveja a decisão e transfira os setores administrativos para outro imóvel mais adequado às funções burocráticas, permitindo que o MABE volte a ser um museu pleno e ativo. O poeta defende que o local seja transformado em um centro de formação artística, com seminários, visitas escolares e ações educativas regulares. Em tom simbólico, Loureiro afirma: “É melhor ser lembrado por valorizar a arte do que por apagá-la”.

João de Jesus Paes Loureiro é uma das maiores referências culturais da Amazônia. Nascido em Abaetetuba (PA) em 1939, é autor de obras fundamentais sobre identidade amazônica, ex-secretário de Educação do Pará e professor titular da Universidade Federal do Pará (UFPA), onde lecionou Estética e História da Arte. Em 2024, foi homenageado pelo próprio MABE com a exposição “Paes Loureiro: operário do raro”, que celebrou seus 85 anos de vida e sua contribuição à literatura, à arte e ao pensamento da região.

A polêmica sobre a ocupação do MABE evidencia uma tensão cada vez mais comum em cidades brasileiras: o uso de prédios históricos por órgãos públicos em detrimento de suas funções culturais. O Palácio Antônio Lemos, símbolo da história de Belém, enfrenta o risco de descaracterização, segundo especialistas e defensores do patrimônio. O apelo de Paes Loureiro ecoa a mobilização de diversos setores da sociedade que exigem respeito à memória e ao papel dos museus como espaços vivos de conhecimento e pertencimento.

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