A Polícia Civil do Pará concluiu, nesta semana, a segunda fase da Operação Ouro de Sangue, que tem como alvo garimpos ilegais no distrito de Monte Dourado, município de Almeirim, no Baixo Amazonas. A ação, realizada entre os dias 19 e 23 de outubro, concentrou esforços dentro da Estação Ecológica do Jari, uma unidade federal de conservação fortemente impactada pela exploração clandestina de ouro.
A operação mobilizou equipes da Delegacia Especializada em Conflitos Agrários (Deca) de Santarém, da Superintendência Regional do Baixo e Médio Amazonas e contou com o apoio técnico do Núcleo de Apoio de Inteligência (NAI), além das delegacias de Monte Dourado e Prainha. Também participaram o Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp), a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) e a Polícia Científica do Pará (PCEPA).
De acordo com o superintendente Jamil Casseb, a nova etapa surgiu após investigações que apuraram a morte de oito pessoas em um garimpo ilegal no Vale do Jari, região que faz fronteira com o Amapá, em agosto deste ano. “Encontramos uma degradação muito grande na questão ambiental, com várias áreas devastadas e rios envenenados por substâncias tóxicas. O Estado não será conivente com esse tipo de crime”, afirmou Casseb.
As investigações revelaram estruturas sofisticadas de extração, conhecidas como garimpos Mamão e Porto Inajá, que operavam com pistas clandestinas, dragas e escavadeiras. O esquema causava ampla destruição da floresta e contaminação de rios com mercúrio, além de ter ligação com familiares de um homem preso, apontado como mandante da chacina investigada.
O delegado Gilvan Almeida, da Deca de Santarém, destacou que o avanço das ações foi resultado de trabalho conjunto entre as forças de segurança. “O delegado de Monte Dourado solicitou nosso apoio e, após o levantamento com o Núcleo de Inteligência, conseguimos identificar os pontos críticos. A partir daí, desencadeamos a segunda fase da operação com apoio aéreo e técnico”, explicou.
Durante a ofensiva, foram realizadas incursões em campo para destruir equipamentos de mineração, acampamentos e estruturas de apoio logístico. As equipes também apreenderam armas de fogo e munições de diversos calibres, além de coletar provas que subsidiarão novas etapas da operação e possíveis responsabilizações criminais e administrativas.
O próximo passo será a retirada completa dos garimpeiros da área e a interdição definitiva das pistas clandestinas, medida que busca restabelecer o controle do Estado sobre a região.
A Polícia Civil ressalta que a Operação Ouro de Sangue é parte de uma estratégia de longo prazo contra a mineração ilegal na Amazônia. O objetivo é combater não apenas os crimes ambientais, mas também a violência e o crime organizado que giram em torno da extração de ouro em áreas protegidas.
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