O vereador Mayky Vilaça (PL) vem consolidando sua imagem pública com discurso de enfrentamento ao crime organizado, especialmente ao que chama de “máfia do reboque” e supostas irregularidades no transporte alternativo em Belém. Porém, essa narrativa passou a ser questionada após vir a público que um assessor de seu gabinete é alvo de investigação da Polícia Civil do Pará na Operação Passe Livre, conduzida pela Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO).
O assessor em questão, Carlos Alberto Cabral Tavares, aparece nos documentos da operação como um dos investigados. Ele foi nomeado oficialmente para o cargo de secretário legislativo, nível 01, no gabinete de Vilaça em 1º de fevereiro de 2025, conforme publicação no Diário Oficial da Câmara Municipal de Belém. A Operação Passe Livre apura um suposto esquema envolvendo transporte clandestino no distrito de Icoaraci, com cobrança ilegal de valores de motoristas e possível repasse financeiro a facções criminosas, incluindo o Comando Vermelho (CV).
De acordo com as investigações, caberia a Carlos Alberto a função de intermediar a atuação do grupo com motoristas de transporte alternativo, fiscalizar valores cobrados ilegalmente e organizar rotas controladas pela suposta organização criminosa. Os registros do inquérito também apontam tentativas de influência política no setor para garantir proteção às atividades investigadas.
Retórica
Em 29 de outubro de 2025, já durante o mandato, Mayky Vilaça publicou um vídeo nas redes sociais no qual afirma combater o crime organizado no estado. Na gravação, ele critica o governo estadual e declara: “Aqui no Estado do Pará o crime organizado tomou conta. Todos os dias são mortes em Belém, no Estado do Pará, mandadas pelo crime.”
Na mesma fala, o vereador amplia o tom político e associa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a organizações criminosas, dizendo: “O Lula, que é apadrinhado e tem o apoio do crime organizado, do Comando Vermelho e do PCC.”
Afastamento do assessor
Com a divulgação do nome do assessor como investigado, o gabinete de Mayky Vilaça publicou um vídeo comunicando o afastamento preventivo de Carlos Alberto Cabral Tavares até o esclarecimento do caso. Até o momento desta apuração, não há registro oficial de exoneração do servidor no Diário Oficial da Câmara Municipal.
PL x PL
Além da repercussão envolvendo o assessor, Vilaça enfrenta desgaste político dentro do próprio partido. Um vídeo publicado em 16 de setembro de 2024 mostra uma briga entre apoiadores identificados como ligados a Mayky Vilaça e apoiadores do também vereador Zezinho Lima (PL). O episódio ocorreu em via pública no bairro Benguí, em Belém, durante disputa interna por espaço político.
Nas imagens, um homem é agredido com socos enquanto outro leva a mão à cintura, simulando sacar uma arma. Nos comentários, usuários identificam os envolvidos como integrantes dos dois grupos políticos. Não há registro público de boletim de ocorrência referente ao episódio.
Reação após a crise
Após a repercussão da Operação Passe Livre, Mayky Vilaça intensificou publicações nas quais aparece fiscalizando blitzes e acompanhando operações de apreensão de veículos. Nessas gravações, ele afirma denunciar abusos e irregularidades no sistema de trânsito da capital.
A proximidade entre a divulgação do nome do assessor e o aumento da presença do vereador em ações fiscalizatórias gerou questionamentos sobre possível esforço para reforço de imagem e controle de narrativa pública.
Discurso e prática
Segundo especialistas consultados, embora o vereador se apresente como defensor do combate ao crime organizado e da segurança pública, a presença de um assessor investigado por suposta participação em um esquema ligado a facções fragiliza sua narrativa e expõe contradições entre discurso e prática política.













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