Na mais recente investida da Polícia Federal (PF) contra a corrupção no Pará, a Operação Plenitude veio à tona desvendando um intricado esquema de desvios no Sistema Único de Saúde (SUS) no estado.. As investigações, que contaram com o apoio da Controladoria Geral da União (CGU) e da Receita Federal, revelaram detalhes impressionantes sobre a atuação de uma suposta organização criminosa, cujo epicentro parece ser a empresa paraense Terraplena LTDA.
Segundo relatórios obtidos pela redação deste portal, a Terraplena teria movimentado de forma suspeita cerca de R$ 1,7 bilhão entre os anos de 2017 e 2023, desviando pelo menos R$ 220 milhões dos cofres públicos. O modus operandi do esquema envolveria a participação de políticos locais, licitações questionáveis e contratos financiados com recursos federais destinados à saúde, saneamento e limpeza urbana.
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Os investigadores destacaram uma série de contratos e empenhos, principalmente com o Governo do Estado do Pará e as prefeituras de Belém e Parauapebas, que totalizam cifras astronômicas. Além disso, identificaram a participação de empresas de fachada e laranjas, incluindo pessoas ligadas ao ex-senador e ex-prefeito de Belém, Duciomar Costa.
Segundo as investigação até aqui conduzidas pela Polícia Federal, a movimentação bilionária se deu através de contratos, envolvendo o Governo do Pará, a Prefeitura de Belém e a Prefeitura de Parauapebas. R$ 733.335.824,16 foram empenhados pelo Governo do Estado do Pará, no período de 2017 a 2023. Outros R$ 1.058.841.950,51 foram destinados pelos municípios do estado do Pará em processos licitatórios no período de 2017 a 2022 – sendo R$ 505.660.708,21 só com a prefeitura de Belém.
O esquema contava com uma complexa rede de empresas fictícias, cujas sedes muitas vezes se resumiam às residências de seus proprietários. Transações milionárias eram realizadas logo após a abertura dessas empresas, levantando suspeitas sobre a legalidade das operações. O relatório aponta que as laranjas trabalhavam como assessoras de Duciomar Costa, estabelecendo ligações diretas entre os envolvidos no esquema.
Ainda segundo as investigações, a Terraplena seria a grande beneficiária de recursos de programas governamentais, como o Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa) e o Programa de Infraestrutura de Transporte e da Mobilidade Urbana (Pró-transporte). Tais programas destinam-se a apoiar financeiramente ações de infraestrutura em municípios e estados brasileiros.
Diante das evidências apresentadas, a Operação Plenitude sinaliza para uma extensa teia de corrupção que permeia o cenário político e econômico do Pará. Com valores estratosféricos desviados e conexões com figuras proeminentes, como Duciomar Costa, o desdobramento deste escândalo promete abalar as estruturas do poder público no estado.
Até o momento, as autoridades não emitiram comentários adicionais sobre as investigações em andamento, que seguem sob sigilo judicial. No entanto, a expectativa é de que novas revelações venham à tona, expondo ainda mais os meandros dessa trama de corrupção que prejudica diretamente a população paraense.
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