Operação boi pirata investiga fraude na venda de 7,4 mil bois criados ilegalmente em terra indígena no Pará

Investigações apontam esquema de falsificação de documentos e lavagem de dinheiro envolvendo venda de bovinos a frigoríficos

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A Polícia Federal (PF), em parceria com o Ministério Público Federal (MPF), deflagrou nesta terça-feira (19) a Operação Boi Pirata, voltada ao combate aos crimes de falsidade ideológica e lavagem de capitais relacionados à criação ilegal de gado na Terra Indígena Apyterewa, no Pará. A ação envolve o cumprimento de sete mandatos de busca e apreensão nas cidades de São Félix do Xingu, Tucumã, Redenção e Parauapebas, incluindo residências de investigados e duas fazendas equipadas para viabilizar o esquema criminoso.

De acordo com o MPF, uma investigação foi motivada pelo Relatório Boi Pirata, que realiza uma entrega irregular de bovinos da Terra Indígena para fornecedores diretos de frigoríficos. O esquema envolvia a triangulação de dados em Guias de Trânsito de Animais (GTAs), com a inclusão de informações falsas. Em vez de os bovinos passarem por fazendas para engorda, como declarado, os animais eram vendidos diretamente para abater, mascarando sua origem ilegal.

Esquema de triangulação

As GTAs fraudulentas declararam a saída de bovinos da Terra Indígena Apyterewa para fazendas, sob o pretexto de engorda, antes de seguirem para frigoríficos. No entanto, a investigação aponta que esses locais intermediários não receberam os animais ou não realizaram a engorda como informado. A prática visava ocultar a origem dos bovinos criados ilegalmente em território indígena, protegendo os responsáveis ​​do alcance da lei e garantindo lucro com o comércio de carne.

A Terra Indígena Apyterewa é uma das áreas mais desmatadas da Amazônia, segundos dados recentes de monitoramento ambiental. A presença de atividades como a criação de gado em territórios indígenas configura uma violação aos direitos das comunidades locais, além de ser crime ambiental.

Próximos passos

As apreensões realizadas durante a operação serão comprovadas pela Polícia Federal para identificar documentos, transações financeiras e outros comprometimentos que comprovem a prática dos crimes. Os envolvidos respondem por falsidade ideológica, crimes ambientais e lavagem dinheiro.

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