A Organização das Nações Unidas acionou o Brasil para apresentar soluções até 11 de agosto que garantam hospedagem acessível a todos os participantes da COP30, prevista para novembro em Belém. Em encontro emergencial, negociações foram intensas diante da escalada nos custos de acomodação e falta de leitos. A representatividade de países vulneráveis foi colocada em risco. A pressão internacional evidencia urgência e críticas à logística do evento.
O choque de preços tem sido alarmante: apartamentos e hotéis estão cobrando valores que chegam a US$ 700 por dia, algo cinco vezes acima do teto da ONU, que é US$ 149. Esse cenário dificulta a participação de muitas delegações, especialmente de países em desenvolvimento. O próprio presidente da COP, André Corrêa do Lago, chamou os valores de “constrangedores”. A situação levantou suspeitas sobre especulação e infraestrutura insuficiente de Belém.
Durante a reunião da “Cop bureau”, Richard Muyungi, presidente do Grupo Africano de Negociadores, declarou que esperam garantias claras de que todos os delegados terão acomodação adequada. Para ele, o Brasil precisa apresentar soluções reais em vez de limitar a participação de países menos favorecidos.
Não estamos prontos para reduzir os números de negociadores. O Brasil tem muitas opções para termos uma COP melhor. Por isso, estamos forçando que o país forneça respostas melhores, em vez de nos de nos dizer para limitar nossa delegação”, disse à Reuters.
Como parte do planejamento, o governo brasileiro anunciou que dois navios de cruzeiro serão atracados em Belém para disponibilizar cerca de 6.000 camas adicionais. Além disso, foi divulgado um portal de reservas com tarifas exclusivas entre US$ 100 e US$ 220 por noite para delegações de países mais vulneráveis, embora esse valor ainda ultrapasse a ajuda de custo da ONU.
Ainda que o portal oficial tenha sido lançado, a eficácia divide opiniões. Representantes de diversas nações reclamam que ter apenas 98 países privilegiados inicialmente causa desigualdade e descontentamento entre outros Estados interessados. Delegados do Timor-Leste, por exemplo, afirmam que mesmo US$ 220 está fora do orçamento dos seus participantes.
Com previsão de receber entre 45 a 50 mil pessoas entre delegações, jornalistas, povos indígenas e ONGs, Belém exige uma rede de hospedagem muito maior do que a capacidade atualmente prevista. Especialistas alertam que, sem uma logística inclusiva e transparente, o Brasil corre o risco de excluir vozes fundamentais nas discussões climáticas globais.
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