A obra de macrodrenagem do Igarapé Mata-Fome, apresentada pela Prefeitura de Belém como uma das principais intervenções preparatórias para a COP-30, ainda não saiu do papel em diversas áreas do bairro do Tapanã. Apesar da previsão de investimentos de cerca de R$ 300 milhões e da promessa de melhoria na infraestrutura lol e saneamento, os moradores afirmam que vivem em meio ao lixo, entulho e esgoto a céu aberto.
Na Rua Adelaide, uma das principais da comunidade, o cenário é de abandono. “A rua está cheia de lixo e entulho, o esgoto corre a céu aberto. Disseram que iam começar as obras, mas até agora nada. Todo mundo aqui está fazendo sua parte, mas o poder público não aparece”, conta Maria Célia, de 62 anos, moradora da área há mais de três décadas.
A vizinha Roseane Palmeira, 60, reforça o sentimento de revolta. “Saiu dinheiro pra cá recentemente, mas só investem lá no centro. Enquanto o prefeito e o governador moram em condomínio, a gente vive pior que rato, no meio da lama. Prometeram ajeitar a ponte e resolver o problema da rua, mas nunca voltaram”, desabafa.
De acordo com informações divulgadas pela própria prefeitura, o Programa de Macrodrenagem da Bacia Hidrográfica do Igarapé Mata-Fome (PROMMAF) foi lançado oficialmente em 2024 e prevê intervenções em bairros como Tapanã, Pratinha, Parque Verde e São Clemente. A proposta é eliminar alagamentos, urbanizar margens e recuperar o canal principal. O projeto também promete obras complementares de pavimentação, habitação e saneamento básico, com recursos financiados pelo Fonplata e contrapartida municipal.
Entretanto, documentos públicos apontam que parte do cronograma foi interrompida após o Tribunal de Contas dos Municípios do Pará (TCMPA) suspender, em janeiro de 2025, a licitação de uma das etapas do programa por indícios de irregularidades. Desde então, as obras não avançaram no ritmo esperado, deixando moradores em situação crítica.
Enquanto as promessas seguem no papel, a população do entorno do canal do Mata-Fome continua convivendo com a precariedade. “A família da minha vizinha teve que se mudar porque a filha pegou doença de rato. Aqui é lama, lixo e descaso”, lamenta Maria Célia.
Procurada, a Prefeitura de Belém informou que o projeto segue em fase de readequação após ajustes técnicos e financeiros, e que novas frentes de trabalho devem ser abertas nos próximos meses. Até lá, quem mora nas margens do canal segue esperando que a promessa de um “legado da COP-30” finalmente chegue às ruas.











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