O Pará é o estado com mais pessoas passando fome no país. São 2,6 milhões, revela Ação Cidadania no “Diálogos Amazônicos”

Helder Barbalho
Helder Barbalho disse que os ’Diálogos pela Amazônia’ devem ser um palco de envolvimento da sociedade na construção de soluções", mas não revelou os números que assolam seu governo, onde o Pará é o que tem o maior número de pessoas passando fome no país e onde a miséria só vem aumentando ano a ano. Foto: Bruno Cecim/Agência Pará

PARÁ É O ESTADO QUE TEM MAIS PESSOAS PASSANDO FOME NO BRASIL

Ana Paula Souza, ativista da Ong Ação da Cidadania e que participa da Frente Nacional contra a fome e a sede, foi uma das convidadas que palestrou em uma das atividades autogestionadas no “Diálogos da Amazônia”, onde citou os dados do II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (II VIGISAN).

Em 2022, o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil revelou que há 33 milhões de famintos no país. Mesmo quem planta não tem o que comer. Quem ganha um salário mínimo, não consegue comer. Lares com crianças menores de 10 anos também são os mais vulneráveis. Consegue imaginar?

As regiões Norte e o Nordeste concentram o maior percentual de famílias em situação de fome no Brasil. São 25% da população destas duas regiões. O Pará lidera entre os estados com mais esfomeados, ou seja, pessoas com insegurança alimentar grave. As mulheres e os negros são os que mais sofrem com a fome.

Da população que convive com a fome na região Norte, 2,6 milhões de pessoas estão no estado do Pará, enquanto na região Nordeste 2,4 milhões vivem no Ceará; 2,1 milhões no Maranhão e em Pernambuco; e 1,7 milhão de pessoas na Bahia, informa o inquérito com o Mapa da Fome no Brasil, que pode ser encontrado no endereço https://olheparaafome.com.br/.

“Espero todas essas informações aqui sirvam para que nossos governantes coloquem em prática o discurso feito em suas campanhas eleitorais e que possamos ajudar com que o governador do Pará receba os recursos que vem buscando junto aos países desenvolvidos e que este dinheiro sirva de fato para tirar o nosso povo da miséria e não seja desviado, como vimos ocorrer em diversos escândalos que seguem sendo investigados pela justiça”

De um líder popular presente no debate.

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SEMINÁRIO DESENVOLVIMENTO X FOME NA AMAZÔNIA

As informações foram reveladas no Seminário que a ONG AÇÃO DA CIDADANIA realizou no dia da abertura do “Diálogos Amazônicos”, promovido nesta sexta-feira, 04, no Hangar Centro de Convenções da Amazônia lotou o espaço de debates onde recebeu diversas lideranças de movimentos sociais do estado do Pará.

“O evento foi inscrito com o objetivo de reunir representantes das organizações que defendem um desenvolvimento sustentável que garanta o direito à alimentação, a soberania alimentar e a defesa da Amazônia, contra todas as mazelas socioambientais vivenciadas nos estados que compôem a região”, disse José Oeiras, responsável pela inscrição, mobilização e realização da abertura do seminário “Desenvolvimento x Pobreza na Amazônia”.

José Oeiras Ong Ação Cidadania
José Oeiras, coordenador estadual do Comitê Estadual da Ong Ação Cidadania que realizou o Seminário “Desenvolvimento x Pobreza na Amazônia, na abertura do “Diálogos Amazônicos”, que ocorre nos dias 05, 05 e 06 de Agosto, em Belém do Pará, antecedendo a “Cúpula da Amazônia, eventos preparativos para a COP30.

A história de lutas da Ação Cidadania, que completou 30 anos no mês de Julho foi relatada por todos que se manifestaram no seminário, onde foi destacado o papel do fundador da ONG, o sociólogo Betinho, que em 1993 mobilizou a sociedade para a missão de tirar 32 milhões de pessoas da fome.

De lá pra cá diversas campanhas ajudaram milhões de brasileiros em situação de insegurança alimentar, como uma das mais famosas: O Natal Sem Fome – A maior campanha de solidariedade do Brasil.

O debate reuniu representantes de outras organizações parceiras da AÇÃO CIDADANIA, como a ADECAM BRASIL, UNMP-PA, MNLM, CMP, FETRAF-PA, GMSECA-UEPA, ARECICLANIN, Ação da Cidadania Território Ananindeua e o GEPDED-UFPA, coordenado pela professora Socorro Coelho, uma das palestrantes do Seminário, que afirmou que a fome é um ato político.

Fotos: André Galvão.

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