Mais do que uma atividade esportiva, a segunda edição da Remada “Caminhos do Arari” se transformou em um verdadeiro movimento de engajamento ambiental e pertencimento social na Área de Proteção Ambiental (APA) da Ilha do Combu, em Belém. Realizada no último final de semana, a ação reuniu voluntários em canoas e pranchas que navegaram pelos furos e igarapés da ilha para recolher resíduos sólidos e mapear pontos críticos de poluição.
A iniciativa é promovida pela Ozone Conexão Natureza, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio), e conta com o apoio de instituições públicas, empresas e coletivos ambientais. A proposta vai além do recolhimento de lixo, buscando despertar uma consciência ecológica através da ciência cidadã, do esporte e da educação ambiental.
Durante a remada, moradores, ativistas, atletas e pesquisadores atuaram em conjunto para limpar as margens e estimular práticas sustentáveis. Os resíduos coletados foram encaminhados para triagem em Belém com o apoio da empresa Recicle, que atua na logística reversa e na valorização de cooperativas de reciclagem, reforçando o compromisso com a economia circular.
“A remada é mais do que uma limpeza. É uma experiência de pertencimento e reconexão com os rios e florestas que sustentam nossa vida urbana e cultural”, destacou Sylvia Gaioso, idealizadora do projeto. Segundo ela, a iniciativa já está em processo de expansão, com novas parcerias institucionais sendo firmadas para garantir a continuidade e fortalecimento da ação.
Na edição anterior, realizada em janeiro deste ano, um levantamento gravimétrico dos resíduos coletados revelou dados preocupantes: foram mais de 319 quilos de lixo, com destaque para materiais como vidro (82,8 kg) e isopor (63,2 kg), apontando para a complexidade da poluição nos ecossistemas amazônicos e a necessidade de soluções adaptadas à realidade local.



Para Júlio Meyer, gerente da Região Administrativa de Belém do Ideflor-Bio, ações como a Remada Caminhos do Arari demonstram a importância da mobilização comunitária e da gestão compartilhada dos recursos naturais. “Ver o engajamento de tantas pessoas em torno da preservação da Ilha do Combu mostra que é possível fazer a diferença quando se trabalha em conjunto. Cada remoada é também um ato de resistência e cuidado com nossa Amazônia”, afirmou.
Além do impacto ambiental, a ação tem gerado reflexos positivos nas comunidades da ilha, com inclusão social, geração de renda e valorização dos saberes tradicionais. A APA da Ilha do Combu se consolida, assim, como um território vivo de proteção ecológica e desenvolvimento sustentável.
Como concluiu Júlio Meyer, “a cada edição, a Remada Caminhos do Arari reafirma que preservar os rios amazônicos é um dever coletivo — e que cada gesto consciente pode ser uma semente de mudança”.
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