Mural criado por mestres ribeirinhos celebra a cultura amazônica no centro de Belém

Painel de 25 metros, produzido por 20 abridores de letras, homenageia a cidade e valoriza a arte ribeirinha

Créditos: divulgação

Um grande mural de 25 metros, produzido por 20 mestres abridores de letras, agora ocupa o centro de Belém. A obra coletiva celebra a cultura ribeirinha e a paisagem amazônica, conectando a cidade à sua ancestralidade. O painel, batizado de “Eu amo a energia de Belém”, está localizado no paredão da subestação Reduto da Equatorial, na Avenida Assis de Vasconcelos.

A iniciativa faz parte de uma parceria entre o Instituto Letras que Flutuam e a Equatorial Pará. Durante três semanas, os artistas, vindos de diferentes regiões do estado, trabalharam na pintura, que exibe as cores e os elementos típicos da caligrafia amazônica.

Para Idaías Dias de Freitas, um dos abridores de letras envolvidos, participar do projeto representa valorização e novas oportunidades: “Deixar nossa arte em Belém é um reconhecimento do nosso trabalho. Antes, vivíamos no anonimato, e hoje temos nossa identidade resgatada”, afirma.

O Instituto

Criado em agosto de 2024, o Instituto Letras que Flutuam é o primeiro do Brasil voltado à cultura ribeirinha amazônica. O ILQF é resultado de 15 anos de pesquisa, documentação, divulgação e geração de renda junto aos abridores de letras do Pará, criadores das belas e singulares caligrafias coloridas que marcam as embarcações que navegam pela Amazônia.

A idealizadora do projeto, Fernanda Martins, destaca que a cultura visual e, dentro dela, a representação gráfica, tem tanta importância para a Amazônia quanto a música, a dança e a comida, pois reflete saberes que são exclusivamente locais. “É a linguagem comum aos ribeirinhos, comunidades amazônicas que traduzem nos seus modos de fazer a verdade do povo amazônico”, afirma Martins, pesquisadora nas áreas de Tipografia e História do Design, em especial na Amazônia, com formação acadêmica na Universidade do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Pará, Universidade de São Paulo e Escola de Design de Basel, na Suíça.

Para Michelle Miranda, analista de Responsabilidade Social da Equatorial Pará, o mural representa um presente para a cidade e um compromisso com a valorização da cultura local: “Temos muito orgulho em incentivar um projeto como o Letras que Flutuam, que realiza um trabalho incrível em parceria com os abridores de letras. Nesse mural, as pessoas vão encontrar as cores e as características dessa arte amazônica que passa de geração em geração. É um espaço instagramável que valoriza o que temos de melhor: a nossa cultura”, destaca.

O Instituto pretende expandir suas ações, promovendo oficinas, palestras e encontros entre os artistas, além de documentar e mapear novos mestres abridores de letras. O mural está aberto para visitação na subestação Reduto da Equatorial, localizada na Avenida Assis de Vasconcelos, no bairro da Campina.

Leia também: