A madrugada que antecedeu a inauguração do BRT Metropolitano mudou o percurso de milhares de pessoas em Ananindeua. Retornos planejados e construídos com recursos públicos foram fechados com barreiras de concreto do tipo New Jersey, medida que não constava em nenhum trecho do projeto oficial elaborado pelo Consórcio Troncal Belém. Foi esse improviso que levou o Ministério Público do Estado do Pará a ingressar com uma Ação Civil Pública para restabelecer a circulação pactuada e garantir segurança na BR-316.
A iniciativa parte da 2ª Promotoria de Justiça de Meio Ambiente, Urbanismo, Consumidor, Fundações e Entidades de Interesse Social, sob atuação do promotor Bruno Beckembauer Sanches Damasceno. A supressão dos retornos planejados contrariou estudos técnicos consolidados ao longo de anos e impactou diretamente a mobilidade urbana de uma cidade que depende da rodovia para deslocamentos essenciais.
O fechamento inesperado desencadeou congestionamentos atípicos, alongou trajetos simples e substituiu travessias tradicionais por passarelas que ainda não foram inauguradas. No centro da preocupação estão pedestres — especialmente idosos, gestantes, crianças e pessoas com deficiência — que ficaram expostos a rotas improvisadas, sem proteção adequada nem segurança mínima.
O MPPA aponta que os retornos foram concebidos justamente para equilibrar o fluxo do BRT com a circulação de moradores, trabalhadores, comerciantes e serviços públicos. A remoção sem justificativa técnica, segundo a ação, fere princípios constitucionais da administração e desrespeita o planejamento viário aprovado.
A Ação Civil Pública pede a reabertura imediata dos retornos previstos no projeto original, a regularização das travessias de pedestres, a sinalização completa da via e a responsabilização dos órgãos que promoveram a intervenção sem respaldo técnico.











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