MPF alerta para risco de colapso na saúde pública de Belém durante a COP30 - Estado do Pará Online

MPF alerta para risco de colapso na saúde pública de Belém durante a COP30

Órgão cobra medidas emergenciais diante da precariedade em hospitais e UPAs e critica ausência de investimentos do evento no setor.

O Ministério Público Federal (MPF) emitiu uma recomendação para órgãos federais, estaduais e municipais após concluir que o sistema de saúde pública de Belém está em situação crítica e pode entrar em colapso com a chegada dos cerca de 50 mil participantes previstos para a COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas que acontece em novembro na capital paraense.

O MPF cita relatórios que apontam falhas graves em unidades de saúde, como o Pronto-Socorro Mário Pinotti, onde fiscais registraram falta de insumos básicos — gaze, algodão, luvas e medicamentos — além de aparelhos quebrados, como eletrocardiógrafos e ultrassons portáteis. Também foram constatadas enfermarias superlotadas, pacientes nos corredores e suspensão de cirurgias ortopédicas há mais de um ano.

Problemas semelhantes foram identificados em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da Sacramenta e de Icoaraci, que enfrentam falta de medicamentos, estrutura precária, atraso de salários e equipes sobrecarregadas.

Outro ponto considerado grave pelo MPF é a possibilidade de criação de uma “fila paralela” de atendimento para estrangeiros e participantes da COP30, com regulação própria da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). Para o órgão, isso violaria os princípios do SUS, configurando tratamento desigual e inconstitucional.

Além disso, o MPF criticou a falta de investimentos diretos do evento na saúde pública: do orçamento estimado em R$ 4,7 bilhões para a COP30, nenhum recurso foi destinado ao setor, o que significa, segundo o órgão, que não haverá legado estrutural, como hospitais ou aumento permanente de leitos.

O que pede o MPF

Entre as medidas recomendadas, estão:

  • Ampliação imediata de leitos clínicos e de UTI (adulto e pediátrico);
  • Reforço no Samu e ampliação da frota de ambulâncias;
  • Contratação temporária de profissionais de saúde;
  • Reposição de insumos e medicamentos;
  • Criação de salas de estabilização em UBSs;
  • Garantia de atendimento igualitário para brasileiros e estrangeiros;
  • Instalação de um hospital de campanha com apoio da Força Nacional do SUS;
  • Inclusão da Defensoria Pública no Centro Integrado de Operações Conjuntas em Saúde (Ciocs).

As autoridades notificadas — entre elas o Ministério da Saúde, a Sespa, a Sesma e a Secretaria Extraordinária da COP30 — têm dez dias para responder se acatam ou não as recomendações. O MPF alertou que a omissão pode configurar crime e ato de improbidade administrativa.

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