O número de mortes relacionadas ao calor extremo pode mais que dobrar na América Latina até meados da década de 2050, segundo estimativa de pesquisadores do projeto Mudanças Climáticas e Saúde Urbana na América Latina(Salurbal-Clima). O levantamento indica que o calor, hoje responsável por cerca de 1 em cada 100 mortes na região, poderá chegar a representar até 2% do total de óbitos no período de 2045 a 2054.
De acordo com o estudo, a elevação das temperaturas entre 1ºC e 3ºC e o envelhecimento da população são fatores decisivos para o aumento da mortalidade. Os pesquisadores analisaram dados de 326 cidades de nove países, incluindo o Brasil, onde foram utilizados registros do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do DataSUS e do Censo do IBGE. No país, as projeções seguem a tendência regional de alta nas mortes tanto por calor quanto por frio.
Segundo Nelson Gouveia, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e um dos autores do estudo, as populações idosas e de baixa renda estão mais vulneráveis. “Quem vive em áreas periféricas, em moradias precárias e sem acesso a ar-condicionado ou espaços verdes terá mais dificuldade para enfrentar ondas de calor cada vez mais intensas”, afirmou o pesquisador, destacando o aumento de casos de infarto e insuficiência cardíaca ligados ao calor extremo.
O relatório também propõe medidas de adaptação climática, como planos de ação para períodos de calor intenso, criação de áreas verdes, sistemas de alerta e educação comunitária. O projeto Salurbal-Clima, que reúne instituições de dez países, tem duração prevista até 2028 e busca relacionar as mudanças climáticas aos impactos na saúde das populações urbanas da América Latina.
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