O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) está investigando uma série de denúncias envolvendo a prefeita de Garrafão do Norte, Maria Edilma Alves de Lima, e o pré-candidato a prefeito indicado por ela, Marcones Farias do Nascimento.
A reportagem esteve nas agrovilas da cidade, registrando imagens das pontes, conversando com moradores e procurando a sede da Prefeitura, onde fomos informados por um funcionário, identificado como Cleison, que a prefeita estava de licença médica após uma cirurgia no braço.
A jornada começou na estrada vicinal que liga a sede do município às agrovilas da região do Louro, incluindo Arapuã, Cimeira, Trapiche, Resplendor, Passo da Onça e Água Vermelha. Existem dois caminhos para chegar ao local: um por Garrafão e outro, mais utilizado, pelo município de Nova Esperança do Piriá. A estrada de 80 quilômetros está em péssimas condições, com poeira, buracos e pontes de madeira em estado precário. A comunidade do Louro é a maior, com cerca de quatro mil eleitores, representando um dos maiores colégios eleitorais do município.
O destino principal da reportagem foi a comunidade de Arapuã, onde está localizada a Ponte do Resplendor, uma estrutura de madeira destruída. Dois ônibus escolares já tiveram os rodados enterrados na ponte, causando um grande susto. Os moradores tiveram que empurrar os veículos para evitar que caíssem no rio.
O local da ponte fica em frente a um balneário que poderia ser explorado como ponto turístico, mas as dificuldades de acesso e os perigos da estrada e das pontes impedem essa exploração. Segundo os líderes comunitários Milson Vale e José do Carmo da Silva Lobato, conhecido como Anselmo, os políticos só aparecem na região durante a época de pedir votos. Garrafão do Norte tem 11 vereadores, mas nenhum deles jamais visitou Arapuã para ver a situação em que cerca de 200 famílias vivem.
Produtores de milho, arroz, feijão, mandioca e pimenta-do-reino enfrentam dificuldades para escoar sua produção devido à condição precária da ponte.
Os moradores afirmam que a construção da ponte está no orçamento de R$ 16 milhões destinado à construção de pontes de concreto no município, mas questionam onde está esse dinheiro e por que a ponte ainda não foi construída, apesar de ser dada como pronta.
“Não acontece nada! Sempre que falamos com o poder público de Garrafão do Norte, nada acontece. Há mais de um ano estamos falando dessa situação das pontes, estamos aqui pelas nossas crianças e pelos nossos jovens. O estado das pontes prejudica muito a educação deles. Já aconteceu duas vezes de o ônibus ficar preso na ponte, eu mesmo ajudei a tirar”, disse Milson Vale.
Um ato público no local foi realizado há um ano, com a presença de autoridades como secretários e vereadores de Garrafão do Norte, mas, passados um ano, nada aconteceu.
“Eles vieram, reuniram aqui, prometeram, mas até agora nada foi feito, e vivemos nessa situação aqui”, contou.
Ponte Pesque e Pague
Outra ponte que está sob investigação em Garrafão do Norte está localizada na Travessa Campos Sales, no bairro Bela Vista. A passagem está interditada há três anos. Recentemente, a prefeitura iniciou escavações e colocou alguns tubos na área, indicando que a água do rio passará pelos tubos e o asfalto será colocado por cima, sem a construção de uma ponte. De acordo com informações dos moradores, a verba destinada pela licitação era para a construção de três pontes de concreto no município.
Resposta da prefeitura
Sobre as obras de infraestrutura, Cleison mencionou que a ponte do Pesque e Pague foi destruída pela maresia, mas que tubos já foram colocados no local para o asfaltamento da Travessa Campos Sales, no bairro da Bela Vista. Ele não tinha informações sobre a Ponte do Resplendor, na localidade do Arapuã.
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