Moradores da comunidade tradicional Nossa Senhora dos Navegantes se reuniram na tarde de hoje (28), às 14h, com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) para discutir soluções relacionadas às obras da Avenida Liberdade. As obras estão paralisadas desde o dia 20 de outubro, e os moradores solicitam respostas do governo estadual.
A maior reclamação em relação à obra foi a falta de diálogo com os moradores da região, que foram diretamente prejudicados pela construção da via, que pretende ser uma nova via expressa na Região Metropolitana de Belém. Angelo Madson, comunicólogo e residente da comunidade Murukutu, relatou a equipe do Estado do Pará Online (EPOL) que a Secretaria de Obras do Estado (SEOP), a Polícia Militar e os engenheiros do consórcio Liberdade estiveram presentes.
O governo chegou ao porto da Ceasa e foi de barco até Nossa Senhora dos Navegantes. A equipe governamental se dispôs a fornecer compensações coletivas, como quadra de esportes, ponte, creches, um posto de saúde e água encanada para a comunidade, que liberou o bloqueio das obras até a próxima reunião, prevista para sexta-feira (8).
Segundo informações fornecidas por Angelo, as obras, que estão ocorrendo rapidamente, estão utilizando a técnica de correntes de arrasto, proibida desde 2013 pela portaria Nº 179 do ICMBio em áreas de preservação ambiental. Os animais que tentam fugir da área devastada acabam morrendo ou invadindo áreas urbanas, o que pode ser perigoso tanto para a população, devido a patógenos de animais silvestres, quanto para os próprios animais, que estão perdendo seu habitat.
Durante a reunião, representantes do governo estadual marcaram uma data para iniciar as obras de saneamento básico na próxima segunda-feira, 4 de novembro. “Se nos tiram tanto, chega um ponto que não temos nada a perder. E um povo sem nada a perder é perigoso. O governo entendeu isso”, declarou Angelo. Ele afirmou que, se após esta reunião não forem atendidas as demandas, haverá um novo bloqueio.
Angelo também informou que a comunidade percebeu que os envolvidos nas obras estão se apropriando dos troncos das árvores, que podem ter um alto valor no mercado e poderiam representar um retorno compensatório para a comunidade. “Levam a cobertura vegetal e o valor dessa madeira não volta para a gente”, reclamou.
A Avenida Liberdade foi projetada para ter uma extensão de 13,3 quilômetros, com duas faixas de tráfego em cada sentido e acostamentos de 2,5 metros em ambos os lados. O projeto contempla faixas exclusivas para ciclistas, pavimento ecológico na ciclovia e iluminação com energia solar. A via contará ainda com sistema de videomonitoramento de tráfego, barreiras para impedir o acesso de pedestres e um total de seis viadutos e pontes, reforçando a proposta do governo de modernizar a infraestrutura de transporte da região com foco em sustentabilidade.
Apesar das promessas de infraestrutura sustentável, os moradores questionam o impacto real da avenida.
Tanto a SEOP quanto a SEMAS foram contatadas pela equipe do Estado do Pará Online (EPOL) para fornecer mais informações sobre a resolução do conflito. No entanto, até o momento da publicação desta matéria, não obtivemos retorno.
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