Modal hidroviário pode ser a ligação da Amazônia ao país e ao mundo, na COP 30

O Estado do Pará é a porta de entrada dos países que fazem fronteira com a região Amazônica.

Reprodução. Porto da Companhia Docas do Pará (CDP)

Na Amazônia, que abriga a maior biodiversidade do planeta, a maior floresta tropical do mundo, 20% da disponibilidade mundial de água, está Belém, sede da COP 30, uma das maiores conferências sobre o clima no mundo. O evento reforça a importância estratégica da região e reforça a urgência de discussões sobre o desenvolvimento sustentável. Neste cenário, a navegação é essencial, conectando comunidades, apoiando o comércio e sendo o elo da Amazônia ao país e ao mundo.

O transporte hidroviário faz parte da dinâmica da vida e da economia na Amazônia. Somente as principais hidrovias da região – rio Tocantins e rio Pará – são mais de 2 mil km de vias navegáveis. Nos últimos 10 anos, o transporte hidroviário representou uma injeção na economia do Pará de cerca de 7 bilhões de dólares, passando de 14 bilhões em 2014, para 21 bilhões em 2022, representando 3% de superávit na balança comercial brasileira, além de ser o modal com mais baixa emissão de carbono. Estima-se que o setor de transportes seja responsável por 14% do total de emissões globais de dióxido de carbono (IPCC). A matriz de transportes brasileira ainda tem forte tendência rodoviarista, com 52% da carga movimentada, enquanto apenas 5% são transportados pelo modo hidroviário. De acordo com o Instituto de Tecnologia da UFPA, trafegam pelas hidrovias aproximadamente 4 milhões de toneladas de cargas.

O Estado do Pará é a porta de entrada dos países que fazem fronteira com a região Amazônica. Diversos projetos de exportação de grãos, minerais e importação de gás estão sendo implantados na região, devido a sua localização privilegiada. O destaque é o Porto de Vila do Conde, parte do Complexo Portuário de Barcarena – CPB, envolvendo, também, municípios vizinhos. É o terceiro porto em economia e operação do Brasil, perdendo apenas para os portos de Santos, em São Paulo, e Paranaguá, no Paraná. Contudo, a cadeia da infraestrutura e logística enfrenta um grande gargalo que é a falta de investimentos em projetos estratégicos para aumentar essa capacidade de escoamento. Em outras partes do mundo o desenvolvimento hidroviário ocorreu por meio de investimento estratégico tendo como base três pilares principais: dragagem, sinalização e eclusas.

Para a COP 30, a Barra do Pará, em parceria com o Governo do Estado, UFPA, Marinha do Brasil e Companhia Docas do Pará – CDP, vem contribuindo para o projeto de dragagem no Porto Organizado de Belém, o que inclui os Terminais Petroquímico de Miramar e Portuário de Outeiro. O projeto prevê a dragagem de um volume de aproximadamente 6,5 milhões de metros cúbicos, como parte da preparação da capital paraense para o evento, que será realizado em novembro de 2025. De acordo com o Prático Luiz Veloso, presidente da Barra do Pará, “a praticagem vem prestando um serviço de assessoria técnica para os players citados, visando a execução do serviço de dragagem, que vai possibilitar que transatlânticos aportem aqui durante a COP. Auxiliamos no estudo sobre o comportamento da maré, o comportamento da corrente, profundidade, análise de risco e simulação”.

A expectativa de ancoragem dos transatlânticos visa possibilitar os leitos necessários para hospedar as cerca de 70 mil pessoas que devem estar em Belém (PA) para a COP 30. O Governo Federal estuda contratar dois navios de cruzeiro, pelo menos, para ficar ancorados em frente a Belém servindo de hospedagem. A ideia é que os dois navios juntos ofereçam 4.500 leitos aos participantes da conferência. Para isso, será fundamental o processo de dragagem, seguido de manutenções regulares.

“O projeto do novo canal de acesso será importante para além da COP, pois tornará o porto de Belém habilitado a receber navios de passageiros, incrementando o turismo da nossa capital, mas se a manutenção nessa dragagem não for constante, corremos o risco do Porto voltar ao calado anterior”, afirma Luiz Veloso.

Para ele, o mais importante desse projeto é o legado que ficará para a cidade e para a região. “Todo esse esforço conjunto será recompensado com o legado que ficará para tornar Belém um trajeto fixo para o turismo mundial, possibilitado que transatlânticos, cruzeiros e outros navios de grande porte tenham acesso a áreas onde não eram viáveis anteriormente, injetando milhões na economia local e, principalmente, mostrando que é plenamente possível investir em projetos que permitem o desenvolvimento sustentável e a preservação adequada dos nossos recursos naturais”.

SEGURANÇA NA NAVEGAÇÃO

Para que a navegação ocorra de forma segura e eficiente na nossa região, a Praticagem desempenha um papel vital. Com profundo conhecimento das águas locais, os práticos garantem que embarcações de grande porte possam navegar com segurança, preservando o meio ambiente e apoiando o crescimento econômico do Pará. A Barra do Pará é uma das empresas de Praticagem mais antigas do Brasil, responsável pela Zona de Praticagem 3, com uma área de atuação que compreende o acesso pelo Canal do Quiriri, no Marajó, e pelo Canal do Espadarte, no Rio Pará, até o Porto de Belém, em Vila do Conde, e acesso à região dos estreitos a sudoeste da ilha do Marajó. O Rio Tocantins também é considerado hidrovia extensiva desta Zona de Praticagem.

Os práticos da Barra do Pará realizam mais de 4 mil manobras de navios por ano, com mais de 2.000 navios atendidos. A atividade é fundamental para evitar acidentes de navegação, contribuindo para a segurança da navegação e evitando a poluição hídrica, para preservação da biodiversidade marítima, essencial para a vida de pescadores locais e subsistência das comunidades.

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