Militares apontam uso de viaturas e servidores dos Bombeiros para fins particulares

Documentos indicam deslocamentos diários de parentes do comandante em veículos oficiais; denúncias relatam ainda trabalhos em sítio e pedido de valores para compra de animais

Divulgação

Militares do Corpo de Bombeiros do Pará procuraram a redação do EPOL para denunciar que teriam sido deslocados de suas funções institucionais para atender a demandas pessoais do comandante da corporação, conforme indicam documentos recebidos pela reportagem, como escalas de serviço, ficha de veículos e relatos acompanhados de provas materiais.

As denúncias citam o uso de viaturas oficiais para transporte de familiares, deslocamentos para shoppings, colégios e locais de trabalho, além da prestação de serviços em uma propriedade rural particular, que seria do comandante-geral do Corpo de Bombeiros.

Escalas semanais de dezembro de 2024 e janeiro de 2025 mostram, por exemplo, que militares eram designados para transportar a “Senhora Denilza”, identificada por fontes internas como a empregada doméstica do comandante-geral, o Coronel QOBM Jayme de Aviz Benjó, e a “Senhora Suelen”, supostamente uma das filhas, em horários fixos durante toda a semana, inclusive com deslocamentos registrados como “missão oficial”.

Uma das viaturas utilizadas nessas atividades é uma caminhonete Nissan Frontier, diesel, ano 2023/2024, de uso oficial do Corpo de Bombeiros, conforme documentação obtida. Segundo a denúncia, o veículo é vinculado ao setor de inteligência da corporação, mas vinha sendo utilizado em rotinas que incluem transporte de filhos para o colégio e o trabalho, com motoristas militares escalados formalmente para a função.

Além disso, mensagens enviadas para nossa redação apontam que outros militares estariam atuando como caseiros em um sítio particular do comandante, localizado em Ananindeua. As tarefas envolveriam cuidados com animais, manutenção da área e até transporte de objetos e mudanças. Em determinados casos, a gravidade das denúncias é assustadora: pedidos de transferências via PIX para compra de aves e ração, com suposto tom de ameaça, como a possibilidade de remoção do militar da equipe.

As denúncias, que incluem ainda referência a um possível favorecimento institucional, como homenagens simbólicas a autoridades estaduais, apontam para a existência de um sistema de favorecimentos pessoais com uso da estrutura pública. As mensagens afirmam que há provas como áudios, vídeos, prints e registros de escalas confirmando os apontamentos.

A reportagem procurou o Corpo de Bombeiros Militar do Pará para esclarecer os fatos, mas não obteve retorno até o momento da publicação desta matéria.

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