Durante um evento em Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife, nesta terça-feira (2), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um forte pronunciamento sobre os recentes casos de feminicídio que chocaram o país. Lula cobrou que os próprios homens assumam a responsabilidade de enfrentar a cultura de violência de gênero que atinge milhares de brasileiras.
Lula participou do lançamento das obras de expansão da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, quando dedicou parte de seu discurso ao tema. Segundo ele, episódios recentes de violência extrema contra mulheres evidenciam a urgência de uma resposta da sociedade, especialmente dos homens.
O presidente relatou que as notícias dos últimos dias abalaram a primeira-dama, Janja Lula da Silva.
“Queria fazer um discurso para nós, homens. O que está acontecendo na cabeça desse animal, que é tido como a espécie animal mais inteligente do planeta Terra, para tanta violência? Eu acordei domingo para tomar café e, no café, a Janja começou a chorar. De noite, vendo o Fantástico, a Janja voltou a chorar. Ontem, ela voltou a chorar”, disse.
Segundo Lula, Janja pediu uma postura ainda mais firme do governo federal no enfrentamento à violência contra mulheres. Ele citou três casos que ganharam repercussão nacional nos últimos dias.
“Essa semana teve um cara que pegou duas pistolas na mão e descarregou contra a mulher. Teve um outro que matou a mulher grávida com três filhos, tocou fogo na casa. Teve um outro que atropelou a mulher e arrastou ela por um quilômetro. Essa mulher vai sobreviver com as duas pernas amputadas. A pergunta que eu faço é a seguinte: o Código Penal brasileiro tem pena para fazer justiça a um animal irracional como esse?”, questionou.
Dois desses casos ocorreram em São Paulo. Em um deles, um homem atirou várias vezes contra a ex-companheira dentro de uma pastelaria na Zona Norte. No outro, Douglas Alves da Silva, de 26 anos, atropelou e arrastou Tainara Souza Santos, de 31, que teve as pernas amputadas. No Recife, um homem de 39 anos foi preso após colocar fogo na casa e matar a esposa grávida e os quatro filhos.
Lula reforçou que a mudança precisa começar dentro de casa, com o comportamento dos homens.
“Cada um de nós, homens, precisamos ser o professor do outro. Cada um de nós temos que educar nossos filhos, nossos companheiros. Se você não está bem com sua companheira, por favor, seja grande, não bata nela, se separe dela. Se ela não gosta de você, ela não é obrigada a ficar com você. Não aprisione essa pessoa, não seja malvado, não seja ignorante”, disse.
“Pensando bem, não existe pena para punir um cara desse, porque até a morte é suave. É preciso que haja um movimento nacional dos homens, contra os animais que batem, que judiam, que maltratam as mulheres.”
Dados da violência
O feminicídio, assassinato de mulheres por motivo de gênero, é considerado crime hediondo no Brasil, com pena de 12 a 30 anos. Só neste ano, o estado de São Paulo registrou 207 mulheres mortas e 22 vítimas apenas em outubro, além de mais de 5,8 mil casos de lesão corporal dolosa contra mulheres.
Chamado por conscientização masculina
Lula afirmou que cresceu aprendendo a respeitar mulheres e que pretende intensificar ações voltadas ao enfrentamento da violência.
“A partir de agora, eu estou num movimento dos homens que vão começar a conscientizar esse país de que homem não nasceu para bater em mulher, para estuprar criança ou fazer violência. Levante a mão quem está comigo nessa luta. Nós vamos fazer uma campanha forte”, declarou.
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