Durante discurso na Cúpula do Clima, em Belém, nesta sexta-feira (7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que os conflitos armados recentes, como a guerra na Ucrânia, interromperam o avanço global na redução de emissões de gases poluentes e reacenderam o uso de combustíveis fósseis.
“O conflito na Ucrânia reverteu anos de esforços para a redução da emissão de gases do efeito estufa e levou à reabertura de minas de carvão. Gastar com armas o dobro do que destinamos à ação climática é pavimentar o caminho para o apocalipse climático”, declarou Lula, durante a abertura da sessão que discutiu os desafios da transição energética.
O evento reúne líderes internacionais e antecede a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorrerá de 10 a 21 de novembro, também na capital paraense. Entre os participantes estão o secretário-geral da ONU, António Guterres, o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Lula ressaltou que, apesar dos avanços tecnológicos, a transição energética ainda é desigual. Ele citou dados alarmantes sobre pobreza energética no mundo:
“Dois bilhões de pessoas não têm acesso a combustíveis adequados para cozinhar, 660 milhões dependem de lamparinas e geradores a diesel, e 200 milhões de crianças estudam em escolas sem energia elétrica.”
O presidente também criticou o sistema financeiro global e o apoio ao setor de petróleo e gás. Segundo ele, os 65 maiores bancos do mundo destinaram US$ 869 bilhões ao setor no último ano, enquanto a participação dos combustíveis fósseis na matriz global caiu apenas de 83% para 80% desde o Acordo de Paris.
Lula anunciou ainda a criação de um fundo nacional que vai destinar parte dos lucros do petróleo para financiar projetos de energia renovável e ações de mitigação climática.
“Direcionar parte dos lucros com a exploração de petróleo para a transição energética permanece um caminho válido para os países em desenvolvimento”, afirmou.
Ao encerrar o discurso, Lula cobrou a aplicação das metas da COP28, realizada em Dubai, que incluem triplicar a geração de energia renovável e dobrar a eficiência energética até 2030.
“Os cientistas já cumpriram seu papel. Nesta COP, os negociadores devem buscar o entendimento. E nós, os líderes, devemos decidir se o século 21 será lembrado como o século da catástrofe climática ou da reconstrução inteligente.”
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