Lideranças indígenas pressionam Sonia Guajajara por apoio efetivo e ministra se defende: “Nunca estive do lado oposto”

Em resposta, o cacique Poró Borari questionou a ministra, afirmando que os povos não aceitariam que ela concordasse com as imposições do governador. Além disso, ele também afirmou que os povos não irão voltar para as aldeias com uma "insegurança jurídica"

Na manhã desta segunda-feira (27), a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, chegou a Belém para dialogar com cerca de 400 indígenas de 20 etnias que ocupam a sede da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) desde o dia 14 de janeiro. O principal objetivo da visita é mediar a crise desencadeada pela aprovação da lei estadual nº 10.820/2024, que tem gerado preocupações sobre a qualidade da educação nas comunidades indígenas e quilombolas.

A equipe de reportagem do EPOL esteve no local e obteve, com exclusividade, uma parte do diálogo da ministra Sônia Guajajara com os povos indígenas reunidos na Secretaria Estadual de Educação (Seduc).

“Eu venho de uma trajetória de articulação, organização e, principalmente, de diálogo. O que está acontecendo aqui [apontando para os grupos em protesto] é uma grande exposição que pode ser utilizada tanto a nosso favor quanto contra nós, especialmente com a internet. Estou aqui por conta da luta pela educação dos indígenas e dos professores. Mas também estou aqui para tratar dessa exposição, que nos afeta ao mostrar as brigas internas e todas as questões relacionadas à nossa ancestralidade”, explicou a ministra.

“Eu nunca abandonei a luta pelos povos indígenas e nunca estive do lado oposto. Estou aqui para desfazer todo esse emaranhado”, completou.

Em resposta, o cacique Poró Borari questionou a ministra, afirmando que os povos não aceitariam que ela concordasse com as imposições do governador. Além disso, ele também afirmou que os povos não irão voltar para as aldeias com uma “insegurança jurídica”.

“Espero, ministra, que a senhora não tenha vindo apenas para nos ouvir e depois legitimar o que o governador deseja implementar, atropelando toda essa ocupação aqui. Pois ele não reconhece essa ocupação, se reconhecesse tinha vindo aqui”, disse o cacique.

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