Durante a COP-29, em Baku, Azerbaijão, lideranças da Amazônia criticaram a Ferrogrão e outras grandes obras de infraestrutura que ameaçam o bioma e as populações tradicionais. No painel “Infraestrutura sustentável na Amazônia: caminhos para a transição energética e ecológica”, participaram vozes como Alessandra Munduruku e Cleidiane Vieira, que denunciaram os impactos sociais e ambientais desses empreendimentos e propuseram alternativas mais inclusivas e sustentáveis. A Ferrogrão, projetada para escoar grãos do Centro-Oeste pelo Rio Tapajós, foi um dos principais alvos das críticas.
“Peço que não deixem a Ferrogrão destruir o Tapajós”, declarou Alessandra Munduruku, liderança do povo Munduruku e ganhadora do Prêmio Goldman em 2023. A Ferrogrão (EF-170), planejada para escoar grãos do Centro-Oeste pelo Rio Tapajós, foi destacada por Alessandra como uma ameaça não apenas ao território de seu povo, mas também ao equilíbrio ecológico da região.
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— Portal Estado do Pará Online (@Estadopaonline) November 21, 2024
“São hidrovias, hidrelétricas, portos e ferrovias, grandes obras de logística que não funcionam para o bioma amazônico e impactam negativamente a vida dos povos tradicionais”, afirmou. “Só no Rio Tapajós, são 41 projetos de portos, 27 já em operação, sendo que apenas cinco estão licenciados. Pedimos respeito: parem com a Ferrogrão e com todos os empreendimentos que destroem nossos rios e nossa cultura.”
Cleidiane Vieira, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), também criticou o modelo de desenvolvimento adotado no Brasil, que, segundo ela, exclui as populações amazônicas. “A energia que produzimos não chega para quem vive aqui. Pagamos a tarifa mais cara do país, enquanto nossos recursos são saqueados para atender a outras regiões”, declarou.
Ricardo Baitelo, do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), defendeu que a transição energética no Brasil precisa incluir as populações mais vulneráveis. Ele também criticou a falta de planejamento em projetos como a Ferrogrão, que priorizam exportações em detrimento do bem-estar local. “Precisamos de soluções que beneficiem as comunidades, não apenas os grandes negócios”, afirmou.
O projeto da Ferrogrão, promovido por empresas do agronegócio e apoiado pelo Governo Federal, prevê a construção de 933 quilômetros de trilhos, conectando Sinop (MT) a Miritituba (PA).
“A Ferrogrão é parte de um modelo que nunca pensou nos povos da Amazônia”, criticou Alessandra Munduruku. “Estamos aqui para lembrar que há outras formas de viver e proteger a floresta, e essas formas precisam ser ouvidas.”
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