Líder indígena diz na COP 28 que Pará que Helder vende ao mundo é ‘inexistente’

Auricélia está representando 14 povos indígenas do Baixo Tapajós. Em uma mesa de debates, ela falou sobre falhas do Governo do Pará quanto à crise social e ambiental agravada pela seca na região.

Foto: Pepyaka Krikati

A líder do povo Arapium e coordenadora do Conselho Indígena Tapajós e Arapiuns (Cita), Auricélia Arapiun, de 36 anos, afirmou durante a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), em Dubai, que o Pará descrito pelo governador Helder Barbalho (MDB) é um estado inexistente.

“Como o governador tem coragem de chegar em eventos internacionais e falar que o Estado do Pará é exemplo de políticas ambientais, se o Pará continua sendo o campeão de desmatamento e queimadas florestais? Esse Pará que o Helder descreve para o mundo não existe”, declarou a líder indígena.

Auricélia está representando 14 povos indígenas do Baixo Tapajós, na COP 28. Na última segunda-feira (4) ela participou da mesa de “Desafios e oportunidades na geração de energia para a Amazônia brasileira”, onde falou sobre falhas do Governo do Pará quanto à crise social e ambiental agravada pela seca na região.

Ainda segundo a líder indígena, a região do Tapajós está vivendo uma crise humanitária devido a seca dos rios e o governador sequer criou um comitê de crise para dar apoio às comunidades que foram isoladas.  No dia 21 no novembro, o Ministério Público Federal (MPF) recomendou que o Governo do Pará criasse um comitê de crise para enfrentamento da crise ambiental e humanitária provocada pela estiagem na região.

Para que a COP 30 seja um sucesso de transformações sociais e ambientais verdadeiras para o Pará, Auricélia diz que o Estado deve ouvir e considerar os povos indígenas.

“A gente não consegue falar com o Helder no Pará. A gente tem que atravessar o mundo, vir para um evento internacional, para sentar em uma sala com ele e ter a oportunidade de ser ouvida. Então, quero aproveitar cada oportunidade que tiver aqui. Os povos indígenas do Pará querem participar dos preparativos da COP e das construções de políticas do Estado“, desabafou Arapiun.

O desejo de Auricélia é que os povos indígenas do Baixo Tapajós estejam no centro das discussões. “Nossa região é esquecida pelo poder público. Sofremos com queimada, seca, garimpo, contaminação do rio, ameaça de hidrelétricas. Isso precisa mudar se o Estado quer ser exemplo“, lamentou.

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