A Justiça do Pará determinou a suspensão do show da cantora Joelma, que estava programado para o “Réveillon do Povão” em Cametá, no próximo dia 31 de dezembro. A decisão foi emitida pelo juiz José Matias Santana Dias, da 2ª Vara Cível do município, após uma Ação Popular questionar os gastos do evento, avaliados em mais de R$ 850 mil, incluindo R$ 500 mil para a apresentação da artista.
O autor da ação argumentou que, em meio ao estado de emergência decretado em novembro por conta da estiagem e seus impactos socioambientais, a prioridade do município deveria ser investimentos em saúde, infraestrutura e serviços essenciais, ao invés de grandes eventos festivos.
O magistrado ressaltou que Cametá enfrenta sérias dificuldades, conforme decretos municipais que apontam problemas como a escassez de água potável, aumento de doenças respiratórias e prejuízos à agricultura. Ele também destacou que os R$ 500 mil destinados ao show de Joelma equivalem a 25% dos recursos federais recebidos para enfrentar a emergência.
Na decisão, o juiz criticou a ausência de justificativas detalhadas sobre o valor contratado, mencionando que a cantora recebeu R$ 350 mil por apresentações recentes, o que reforça questionamentos sobre o montante estipulado em Cametá. “O gasto exorbitante em benefício de uma única artista, apesar de seu talento inquestionável, viola os princípios da moralidade administrativa, razoabilidade e eficiência”, escreveu.
O Ministério Público manifestou-se favoravelmente à suspensão do evento, destacando que o uso dos recursos seria prejudicial ao erário e à população, que enfrenta deficiências em áreas prioritárias. O órgão também lembrou de processos judiciais que cobram melhorias em serviços como saúde pública e saneamento, além de reformas estruturais.
Por outro lado, a Prefeitura de Cametá defendeu a legalidade da contratação, alegando que os recursos vieram do Fundo Municipal de Cultura e que as recentes chuvas mitigaram os impactos da estiagem no município.
A decisão suspende o contrato com a empresa responsável pelo show, estipulando multa de R$ 250 mil em caso de descumprimento. O juiz sugeriu que o Réveillon seja mantido com adaptações, priorizando a participação de artistas locais e custos mais reduzidos. Cametá é amplamente reconhecida como um polo de talentos musicais, o que, segundo a decisão, pode contribuir para um evento cultural significativo e financeiramente viável.
A suspensão do show gerou debates na cidade, dividindo opiniões entre aqueles que defendem a valorização da cultura local e os que lamentam a ausência de Joelma, um ícone da música paraense.
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