Nesta quarta-feira, 21 de agosto, jovens da Vila da Barca, em Belém, irão lançar revista “Vozes”, fruto do projeto “Memória e Cultura Periférica”. A iniciativa, que surgiu em 2021, visa resgatar e preservar a história e a memória da comunidade, especialmente após as perdas ocasionadas pela pandemia de Covid-19. O lançamento ocorrerá às 19h, em um quiosque localizado na comunidade, com a participação do grupo de carimbó “Carimbó Daqui”, formado por moradores locais.
O projeto “Memória e Cultura Periférica”, coordenado pelo professor e pesquisador Kelvyn Gomes, nasceu de uma demanda da própria comunidade para reunir e organizar elementos documentais e humanos que estavam em risco de se perder. Com o apoio de editais públicos de incentivo cultural, como as Leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo, o projeto conseguiu criar um acervo digital composto por mais de 500 documentos, incluindo fotografias e recortes de jornais doados pelos moradores.
A revista “Vozes” é resultado de oficinas de escrita criativa, fotografia e edição mobile realizadas com os jovens da Vila da Barca ao longo do primeiro semestre de 2024. Nas oficinas, os participantes exploraram temas como racismo, meio ambiente e relações de gênero, a partir de imagens e relatos da comunidade. “Contar e ser protagonistas das suas próprias histórias era uma demanda antiga de uma comunidade que sofre com o preconceito”, explica Kelvyn Gomes.
Tiffany Medeiros, uma das adolescentes envolvidas na produção da revista, compartilha como o projeto mudou sua visão sobre a Vila da Barca: “Eu mesma tinha vergonha e certo preconceito com a comunidade até começar o projeto. Circular e observar a Vila orientada pelas ideias que compartilhamos nas aulas me fez ver uma outra Vila.”
Além do lançamento na comunidade, a revista “Vozes” será apresentada na 27ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, no estande da Fundação Cultural do Pará, nesta sexta-feira, 23 de agosto, às 16h. A publicação traz a visão dos jovens sobre a realidade da Vila da Barca, a partir de entrevistas com outros moradores, e representa um passo importante para que a própria comunidade conte sua história e afirme sua identidade.
