No Pará, o início do inverno amazônico reacende a corrida contra os criadouros do Aedes aegypti, justamente no momento em que o estado registra redução nos casos de dengue. O boletim mais recente mostra queda de 20% entre janeiro e 30 de novembro deste ano, mas o período chuvoso muda o cenário: ovos do mosquito eclodem assim que a água da chuva se acumula, ampliando o risco de novas infecções.
Mesmo com números menores , cerca de 14.198 confirmações em 2025 contra 17.858 no mesmo intervalo de 2024, a Sespa destaca que o estado não pode relaxar. “Com a intensificação das chuvas, chamamos a atenção para a importância de as famílias manterem vigilância sobre seus quintais, jardins, interiores e arredores da sua casa, para evitar a proliferação do mosquito que também transmite a chikungunya, a febre de zika, mayaro e febre amarela”, disse a coordenadora estadual de Arboviroses, Aline Carneiro.

Os dados revelam ainda o comportamento dos vírus em circulação no estado. O levantamento por amostragem encontrou 264 casos de dengue tipo 1, 1.814 de tipo 2 e 2 registros de tipo 3. Segundo Aline, a coexistência de sorotipos diferentes aumenta o risco de agravamento da doença. “A variação de vírus circulantes representa risco à população porque uma pessoa que pegou dengue 1, por exemplo, só fica imunizada contra esse tipo, e se contrair a doença por outro tipo, pode desenvolver dengue de forma mais grave”, alertou.
A chikungunya também apresentou leve queda: 358 casos confirmados, ante 375 no ano anterior. Já outras arboviroses seguem ativas: 21 casos de zika, 76 de mayaro, 12 de oropouche e 43 de febre amarela — esta última prevenível por vacina disponível nas Unidades Básicas de Saúde.
Para 2026, uma novidade: a Sespa prevê disponibilizar uma nova vacina contra a dengue, inicialmente destinada a profissionais da rede básica e, posteriormente, à população de 59 anos.
O controle vetorial segue como prioridade. A Sespa recomenda aos municípios a realização do LIRAa, levantamento que identifica imóveis com larvas do mosquito e permite ajustar as ações após cada ciclo. Até o fim de novembro, 133 municípios haviam concluído o 5º ciclo: 74 apresentaram infestação abaixo de 1% (nível satisfatório), 50 ficaram em alerta e nove registraram índices acima de 3,9%, faixa considerada de risco.
Entre os criadouros mais frequentes observados no levantamento, aparecem caixas d’água, depósitos fixos e móveis, pneus, lixo doméstico e até recipientes naturais. Para a coordenadora estadual, o desafio nas cidades amazônicas exige acompanhamento contínuo. Aline Carneiro explica que os planos municipais de contingência orientam as ações de vigilância, controle e assistência, com apoio técnico da Sespa.
Além do monitoramento, a pasta reforça cuidados simples dentro de casa: fechar caixas d’água, descartar lixo corretamente, evitar água parada sobre lajes, armazenar pneus em locais cobertos, proteger ralos com telas e manter vasos de plantas com areia até a borda. Pequenos objetos, como tampinhas ou cascas de ovo, também podem se transformar em criadouros.
Reconhecer os sintomas é outro ponto crucial.
– Dengue: febre alta imediata, manchas vermelhas, dor nas articulações e coceira leve.
– Chikungunya: febre alta súbita, dores intensas nas articulações, manchas nas primeiras 48h e vermelhidão nos olhos.
– Zika: febre baixa, manchas nas primeiras 24h, coceira leve a intensa e vermelhidão nos olhos.
Diante de qualquer desses sinais, a orientação é buscar atendimento médico e evitar automedicação. Casos graves e óbitos devem ser notificados em até 24 horas.












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