A ocupação da Sede da Secretaria de Educação do Pará (Seduc) por lideranças indígenas, iniciada nesta terça-feira (14), continua nesta quarta-feira (15) em Belém. As lideranças agradecem o apoio da população, que tem contribuído com alimentos e água, e reafirmam a luta por uma educação de qualidade para os povos indígenas.
No sul do estado, a BR-222 foi fechada por indígenas da etnia Gavião, que declararam apoio à mobilização em Belém. Além disso, outras comunidades indígenas em Santarém também ameaçam bloquear rodovias. Segundo a liderança Alessandra Korap, a mobilização se intensifica porque a questão afeta todos os povos indígenas do estado. “Quando se tira direito, está violando todo mundo. São mais de 50 povos indígenas no Pará”, afirmou.
Até o momento, não houve abertura de negociação por parte do governo estadual. As lideranças exigem que o governador Helder Barbalho e o Secretário de Educação, Rossieli Soares, dialoguem diretamente com os representantes indígenas. Eles também pedem a revogação da Lei 10.820, que prevê a substituição do atual modelo de educação presencial por um sistema de ensino a distância (EAD).
O projeto proposto pelo governo tem sido amplamente criticado, pois substitui o Serviço Modular de Educação Indígena (SOMEI) por aulas virtuais ministradas por monitores. As lideranças indígenas destacam que, em regiões isoladas do Pará, muitas comunidades não possuem acesso a energia elétrica, internet ou mesmo fluência na língua portuguesa, o que inviabiliza o novo modelo de ensino.
Impacto nas comunidades
A proposta de suspensão do SOMEI representa um retrocesso para a educação indígena, segundo as lideranças. O sistema modular, atualmente vigente, permite que educadores indígenas qualificados ministrem aulas presenciais adaptadas à realidade cultural e lingüística de cada comunidade.
“Mexer com a educação é mexer com todo o povo do estado do Pará e da Amazônia”, destacou Alessandra Korap. Ela também alertou para o risco de perda de direitos conquistados ao longo de décadas de luta.
Com a manutenção da ocupação e o bloqueio da BR-222, o movimento indígena busca pressionar o governo a dialogar e atender às suas reivindicações. A mobilização conta com o apoio de diversos segmentos da sociedade, que veem na defesa da educação indígena uma questão de justiça social e preservação cultural.
Enquanto o impasse persiste, lideranças reforçam a importância da unidade entre os povos indígenas e garantem que a luta continuará até que suas demandas sejam ouvidas pelo governo.
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