Imprensa nacional destaca ‘domínio’ do CV no arquipélago do Marajó

O Comando Vermelho (CV) já controla 10 dos 16 municípios do arquipélago do Marajó

Nesta semana, o Portal UOL publicou uma reportagem destacando o domínio crescente de facções criminosas, como o Comando Vermelho (CV), no Pará, especialmente no arquipélago do Marajó.

Em 2024, o estudo Cartografias da Violência na Amazônia citou que o Pará é o estado da Amazônia com maior presença de facções criminosas, com o CV controlando 57 municípios. Ao focar no Marajó, a reportagem conecta a grande presença do CV (que já controla 10 dos 16 municípios) e o fato da região concentrar as áreas de maior pobreza e pior qualidade de vida do Brasil.

A reportagem falou com o pesquisador Aiala Colares, coordenador do estudo, que explicou que a rota de escoamento da droga pelos rios da Amazônia já existe desde os anos 90, mas está em constante expansão nos últimos anos: “O CV (no Marajó) chega pelo contexto regional, e ele se espalha por toda a região. Mas controlar as rotas do Marajó é extremamente estratégico para o crime organizado”.

Ele enfatiza que a rota local conecta o tráfico de drogas ao contrabando de madeira: “O primeiro impacto que isso causa é pela vulnerabilidade à qual as comunidades tradicionais da região se submetem. Com a entrada de faccionados em seus territórios, lideranças comunitárias passam a sofrer ameaças”, diz.

O principal destaque vai para Breves onde, segundo o pesquisador, presidiários levam a parceria com o crime organizado após um primeiro contato geralmente feito na capital paraense, momento onde esses presidiários acabam ‘batizados’ pela facção.

A reportagem cita ainda que, em 2022, o governo do estado montou a base integrada fluvial Antônio Lemos no estreito de Breves, no rio Tajapuru. Desde então, o local virou um dos maiores pontos de apreensão de drogas na região, por ser o local ideal para fiscalização. “Nenhuma embarcação vinda de Manaus, do Amapá, de Santarém chegam a Belém sem passar por ali”, disse Ualame Machado, secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social.

Ualame garante que a base na região foi fundamental para ‘sufocar’ o tráfico de drogas na área: “Para se ter uma ideia, no ano passado, tivemos recorde de apreensão: foram 13 toneladas de drogas no Pará todo, e 1,3 tonelada foi feita só pela base de Breves”, garante. Ao relembrar a estrutura do local, o secretário relata que “É um local que não tem energia elétrica, nem sinal de celular”, destacando que o poder público precisou levar a estrutura para poder atuar.

Por outro lado, o relatório ‘Dinâmicas do crime organizado na Amazônia Paraense’ ressalta que o CV atua ‘aliciando barqueiros e ribeirinhos’, os grandes conhecedores da região:. “(Eles) funcionam como ‘batedores’ das lanchas carregadas com drogas, avisando o momento certo que podem seguir viagem”. Por fim, o estudo aponta que o CV age como “um agente de poder econômico e social”, o que sugere de forma indireta que o combate às facções na região também passam pela maior atenção social ao Marajó, constantemente listado como um dos piores locais para se viver no Brasil em nível social.

Leia também: