Helder Barbalho defende mercado de carbono: ‘Temos que ter a responsabilidade de preservar a floresta viva’

Governador do Pará celebra contrato de US$ 160 milhões com créditos de carbono e afirma que exploração de petróleo é “racional”, mas que a “agenda é carbono”.

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), defendeu o fortalecimento do mercado de carbono como estratégia prioritária para o estado e para o Brasil, em entrevista concedida ao portal UOL nesta segunda-feira (9). Segundo ele, consolidar os créditos de carbono como commodity global é uma oportunidade para valorizar economicamente a floresta viva. “Um dos temas mais urgentes e estratégicos do nosso tempo é consolidar o mercado de carbono como uma commodity global, gerando valor, investimento e inovação”, afirmou.

Durante a entrevista, Helder revelou que o Pará já assinou um contrato de US$ 160 milhões (cerca de R$ 902 milhões) com uma coalizão internacional, viabilizado pelo sistema de créditos de carbono. A operação, contudo, enfrenta questionamentos do Ministério Público Federal (MPF), que apontou suposta pressão sobre povos indígenas e pediu a anulação do acordo.

Com a COP30 marcada para novembro em Belém, o governador aproveita a visibilidade internacional do evento para reforçar o protagonismo do Pará na agenda climática. Ele afirma que os recursos serão integralmente revertidos aos povos da floresta — indígenas, quilombolas, extrativistas e produtores rurais — e que uma proposta de lei será enviada à Assembleia Legislativa para regulamentar a repartição dos valores.

Helder também destacou que os recursos só poderão ser usados para continuar políticas de redução de emissões. “A parte que couber ao governo está vinculada à continuidade da política de redução de emissões. Quem compra o crédito está financiando essa agenda”, explicou.

Exploração de petróleo e críticas à “visão apaixonada”

Aliado do presidente Lula (PT), o governador defendeu ainda a exploração de petróleo na Margem Equatorial, especificamente na Foz do Amazonas, como algo necessário e racional. Apesar de a área incluir recifes de corais e manguezais, ele rebate as críticas: “O Brasil e o mundo não podem abdicar do uso de combustível fóssil neste momento. Quem diz isso está agindo com emoção e não com razão”.

A região em questão fica a cerca de 175 km da costa do Amapá. Helder afirma que o Pará será beneficiado com royalties e investimentos em infraestrutura, mas ressalta que “a agenda do estado é o carbono”.

Obras para a COP30 e críticas sociais

A cinco meses da COP30, Belém está em obras. São mais de R$ 1 bilhão investidos em infraestrutura, incluindo projetos de macrodrenagem que beneficiarão cerca de 500 mil pessoas. Apesar dos avanços, movimentos sociais criticam a “maquiagem urbana” e a falta de soluções estruturais para problemas históricos da capital.

Helder admite que as obras não resolvem todos os problemas, mas avalia que o evento impulsionou investimentos que demorariam anos para sair do papel. “A COP não representa a solução de todos os problemas, mas criou oportunidade real de resolvê-los”, declarou. Segundo ele, “sem a COP, essas intervenções poderiam levar 5 ou 10 anos para acontecer”.

Algumas obras enfrentaram impasses ambientais. A reestruturação da rua da Marinha, no Mangueirão, foi suspensa por impactar o Parque Gunnar Vingren, mas foi retomada após ajustes. O projeto de R$ 242 milhões promete beneficiar 215 mil pessoas.

Com a COP30 no horizonte, o governador quer posicionar Belém e o Pará como referências internacionais em economia verde. “A referência à Amazônia pós-COP será Belém. Isso é um ativo extraordinário”, concluiu.

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