"Gritos, desvio e silêncio": testemunhas relatam momentos de pânico no acidente com comboio da UFPA - Estado do Pará Online

“Gritos, desvio e silêncio”: testemunhas relatam momentos de pânico no acidente com comboio da UFPA

Estudantes que estavam no último ônibus da comitiva contam como escaparam da tragédia que matou cinco pessoas na BR-153, em Goiás

Reprodução

O silêncio da madrugada foi interrompido por um grito. Pouco depois das 4h da manhã, o comboio com estudantes da Universidade Federal do Pará (UFPA) seguia viagem rumo ao Congresso da UNE, em Goiás, quando uma carreta invadiu a contramão e atingiu os dois primeiros veículos.

No último ônibus, uma estudante olhava pela janela quando viu a colisão iminente e alertou os colegas. Foi o início de uma madrugada marcada pelo susto, medo e incerteza.

“O ônibus grande era o primeiro, os dois micro-ônibus estavam no meio e o nosso era o último. Nosso motorista desviou muito rápido e foi para o acostamento, dando um arranque. Uma menina do nosso ônibus estava acordada olhando pela janela e vendo tudo. Ela viu quando a carreta bateu e gritou. Foi que a maioria das pessoas acordaram”, contou uma das testemunhas, que pediu para não ser identificada.

O acidente aconteceu na BR-153, em Porangatu (GO), e deixou cinco mortos: três estudantes da UFPA, o motorista do ônibus e o condutor da carreta. O veículo de carga seguia pela contramão, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), e atingiu frontalmente o primeiro ônibus da comitiva.

“Só tivemos informações de que teve óbitos de manhã, umas 7h. Até então, soubemos do motorista. Os demais seriam três estudantes que estavam presos nas ferragens, mas não tínhamos certeza de nada e nem de nomes, pois pediram para aguardarmos dentro do ônibus”, relatou a mesma testemunha.

Outra estudante, que também estava no último veículo do comboio, descreveu o susto ao ver o acidente à frente. “Tínhamos acabado de entrar em Goiânia às 4h da manhã e uma carreta acertou o micro-ônibus e destroçou a parte da frente onde estava o motorista e alguns estudantes”, disse. “Em seguida, o motorista do nosso ônibus conseguiu desviar e frear no acostamento, senão teríamos batido feio neles e no acostamento.”

A voz embargada denuncia a dor de quem perdeu mais do que colegas. “Tivemos a informação da morte de três estudantes, sendo um do meu curso. Ele que me recebeu quando entrei na UFPA”, lamentou.

As vítimas fatais foram identificadas como Welfesom Campos Alves (Multimídia), Leandro Souza Dias (Farmácia), Ana Letícia Araújo Cordeiro (Pedagogia) e o motorista Ademilson Militão de Oliveira, servidor da UFPA em Altamira. O motorista da carreta também morreu no local.

A UFPA decretou luto oficial de três dias e montou um comitê de apoio às vítimas e familiares. As causas do acidente estão sendo apuradas pelas autoridades de Goiás, mas a PRF já confirmou que a carreta trafegava pela contramão.

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