O governo de Minas Gerais decidiu alterar sua estratégia de participação na COP30, que será realizada em novembro, em Belém. O Minas Day, evento que tradicionalmente serve como vitrine para políticas ambientais e oportunidades de investimento do estado, não ocorrerá dentro da programação oficial da conferência da ONU. Neste ano, sua edição principal será antecipada para a pré-COP, no Rio de Janeiro.
A decisão ocorre em meio ao desgaste político causado pela Operação Rejeito, deflagrada em setembro pela Polícia Federal, que revelou um esquema de corrupção no setor de mineração mineiro e atingiu órgãos estratégicos da agenda ambiental, como a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e a Agência Nacional de Mineração (ANM).
A operação prendeu 22 pessoas, entre elas o então diretor da ANM, Caio Mário Seabra, e bloqueou R$ 1,5 bilhão em bens. Segundo a PF, o grupo criminoso obtinha licenças fraudulentas para mineradoras, apropriava-se de rejeitos de ferro avaliados em mais de R$ 200 milhões e lavava dinheiro por meio de 42 empresas de fachada. As investigações apontam ainda tentativas de interferir na criação de unidades de conservação na Serra do Curral, influenciando projetos de lei na Assembleia Legislativa de Minas.
O impacto político foi imediato: a Semad teve sua atuação colocada em xeque, enquanto o setor de mineração mineiro, historicamente marcado por tragédias ambientais como Mariana e Brumadinho, voltou ao centro do debate público.
Zema fora da COP30
Em meio ao desgaste, o governador Romeu Zema (Novo) não comparecerá à COP30, delegando à secretária de Meio Ambiente, Marília Melo, a representação do estado na conferência.
A decisão de transferir o Minas Day para a pré-COP no Rio — considerada uma espécie de “ensaio” da conferência — mantém a marca do evento, mas reduz a projeção internacional de Minas Gerais durante o encontro oficial em Belém. Na capital paraense, haverá apenas versões reduzidas (“pocket”) do Minas Day, uma delas no espaço da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema).
Em nota, o governo mineiro negou qualquer relação entre a mudança e a Operação Rejeito, atribuindo a decisão a motivos logísticos e financeiros:
“O Governo de Minas, por meio da Semad, reforça seu compromisso com a agenda climática global e informa que, por questões logísticas e pelos elevados custos de hospedagem e deslocamento para Belém durante a COP30, enviará uma comitiva enxuta para a conferência. […] O Minas Day terá edição principal no Rio de Janeiro, na semana que antecede a COP30, consolidando a pré-COP como espaço estratégico de diálogo e cooperação”, diz o comunicado.
Com isso, Minas Gerais manterá presença simbólica em Belém, mas aposta no evento do Rio para reafirmar seu protagonismo na transição energética e na economia de baixo carbono.
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