Festival Tapajós Vivo usa arte para defender o Rio Tapajós e engaja população em Santarém

No cenário da seca severa e ameaças crescentes ao rio Tapajós, o Movimento Tapajós Vivo promove o 2º Festival Tapajós Vivo em Santarém (PA), nesta quarta-feira, dia 15 de novembro. O evento gratuito começa às 18h30 na Praça Tiradentes e une arte, música e protesto ambiental, também marcando o início do 7º Grito Ancestral do povo Tupinambá.

O festival busca ser uma resposta cultural e social à destruição dos recursos naturais e às pressões sobre o rio Tapajós, que enfrentam desde a contaminação por mercúrio e pesca predatória até projetos de infraestrutura como a Ferrogrão, que ameaça ampliar o escoamento de commodities e prejudicar o equilíbrio ambiental da região. De acordo com Dan Selassie, artista participante do evento, a proposta é trazer visibilidade às questões enfrentadas pelo povo da região e à realidade que muitas vezes é ignorada fora do Norte. “A arte fala de uma maneira que pode sensibilizar e conectar as pessoas de forma única; é o que queremos aqui”, explica Selassie.

A programação do evento inclui apresentações de artistas locais como Andrew Só, Priscila Castro, Os Encantados e DJ Allana, que prometem usar a música para amplificar a resistência e a luta em defesa dos rios. Além de shows, a exposição fotográfica “Nossos Rios” será exibida, retratando a beleza natural dos rios amazônicos e a necessidade urgente de preservação. Poesias que homenageiam as histórias e memórias do Tapajós também fazem parte das atividades culturais planejadas para a noite.

Além das atividades artísticas, haverá uma campanha de arrecadação de alimentos para as comunidades afetadas pela seca, com a intenção de beneficiar famílias que dependem do rio para a subsistência. Segundo Kamila Sampaio, do Movimento Tapajós Vivo, o festival busca “fazer o grito do rio ser ouvido, unindo as pessoas pela causa e sensibilizando para a urgência da preservação”.

Grito Ancestral: Protesto Indígena e o Futuro do Tapajós

Entre os dias 15 e 17 de novembro, o povo Tupinambá do baixo Tapajós realiza o 7º Grito Ancestral, um ato de resistência indígena e denúncia sobre a destruição ambiental que afeta a região. O protesto, realizado em um banco de areia que emergiu devido à seca no território Tupinambá, chama a atenção para o impacto do corredor logístico do Arco Norte, onde balsas e portos geram transtornos e ameaçam o ecossistema local. Raquel Tupinambá, coordenadora do Conselho Indígena Tupinambá do Baixo Tapajós, aponta a Ferrogrão como uma das principais ameaças à sustentabilidade do rio e das comunidades. “É uma ferrovia projetada para exportar soja, mas sua construção representa uma morte lenta para o Tapajós e nosso modo de vida,” destaca.

A participação popular é encorajada, e os interessados no Grito Ancestral podem se inscrever por meio de um formulário online disponibilizado pelos organizadores. As ações de resistência do Tapajós ocorrem em paralelo com a COP29, conferência climática da ONU no Azerbaijão, onde a expansão de projetos como a Ferrogrão tem sido tema de debate. Organizações internacionais como a Amazon Watch reforçam a importância de mobilizações locais e globais para pressionar pela suspensão do projeto, ressaltando que “os interesses corporativos não devem prevalecer sobre a preservação de um ecossistema essencial.”

Serviço

Evento: Festival Tapajós Vivo
Data: 15 de Novembro
Horário: 18h30
Local: Praça Tiradentes, Santarém

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